Público e crítica andam deitando elogios para o longa “A Chegada” de Dennis Villeneuve. Juro que a primeira coisa que me interessou foi saber se ele era parente do Gilles ou do Jacques Villeneuve, pilotos de Fórmula 1. Não é. Dennis já dirigiu “O Homem Duplicado”, “Os Suspeitos” e “Sicario: Terra de Ninguém”, filmes que eu ainda não assisti. Mas o que me deixou perplexo é a informação de que ele será o diretor da continuação de “Blade Runner”, prevista para 2017.
Não, não façam isso minha gente.
Dennis não parece ter bagagem suficiente para dar continuação a um clássico, principalmente se levarmos em conta este “A Chegada” (The Arrival, no original). O longa se desenrola com a chegada de 12 gigantescas e misteriosas naves espaciais em diferentes pontos do planeta, e um destes pontos – óbvio – fica nos Estados Unidos. A partir dai, uma estudiosa em linguística (a atriz Amy Adams, de “Ela” e “O Homem de Aço”) é recrutada pelas Forças Armadas para, em conjunto com um cientista (Jeremy Renner, de “Missão Impossível”) tentar se comunicar com os extraterrestres.
Eles se comunicam porque é óbvio que os americanos fariam isso primeiro. Enquanto isso, russos e chineses (onde as naves decidiram pousar também) querem logo é meter bala na ETzada toda. Ao conseguir se comunicar, Amy e Jeremy descobrem muita coisa sobre o passado da raça humana e também sobre eles mesmos, sobre uma nova maneira de lidar com o tempo. Poderia até ser um bom argumento para um filme mais intrigante, mas não é.
Ao se apoiar em clichês da ficção científica recente, como americanos são bons, o resto é mau, os burocratas e os militares são malvados, os ETs são minimalistas, o diretor transformou “A Chegada” num filminho bobo que aparentemente vem agradando uma plateia acostumada a “Independence Day”.
Além disso, a ideia por trás da comunicação e do sentido de tempo que os ETs trazem aos terráqueos se perde num clipe final de idas e vindas que não ficou bem montado.
Ou seja, não há um ponto sequer no filme que dê margem a alguma reflexão mais profunda. Sobram momentos perfeitos à uma bem vinda paródia, daquelas estilo “Todo Mundo Em Pânico”. O momento onde Amy escreve o nome de sua personagem, Louise, num quadro branco e mostra para os ETs – que por sua vez se parecem muito com os ETs do desenho animado Simpsons – daria uma deixa perfeita para um dos heptapods (como são chamados) responderem: “sim, e eu sou a Thelma”.
Na recente enxurrada de filmes de ficção científica, todos rasos como “Interstellar”, “Lunar” e este “A Chegada”, corra para a segurança de “Blade Runner”, “2001 – Uma Odisséia no Espaço” e “Solaris”.
Na dúvida sobre a minha opinião sobre o filme? A Raquel gostou muito- leia aqui
ETs preferem se comunicar com norte americanos do que com russos e chineses porque aqueles são mais compreensivos e tem uma longa história de contatos imediatos. Filminho pseudo-cabeça do diretor da continuação de Blade Runner, um pecado.