De tempos em tempos acontece o Bandcamp Friday (leia mais aqui) e um monte de banda resolve desovar coisas novas e catálogo.
Nós já falamos do selo Precious Recordings of London que está relançando um monte de Sessions de bandas legais. Conversei com o dono do selo numa feira de discos e ele disse que estas músicas são de propriedade da BBC (a estatal de comunicação britânica) que resolveu facilitar o licenciamento. Parece que antes eles cobravam uma fortuna de adiantamento e agora cobram apenas uma porcentagem das vendas.
Dai a Precious Recordings já lançou Sessions (bandas ao vivo em estúdio da BBC) de Hefner, Jasmine Minks, Prolapse, Heavenly, Soup Dragons, Blueboy… e os mais recentes são as Peel Sessions do Boyracer e do The Orchids. Pra quem gosta, o mais legal é que os lançamentos saem no digital mas também em compactos 7″ em vinil.
A Peel Session do The Orchids (foto acima) sai somente em Fevereiro de 2023.
Falando em Boyracer, a banda voltou a ativa e outro selo favorito da casa, a Emotional Response, lançou um single natalino deles, “Magic to me”:
Voltando a 2002, a Sub Pop Records está relançando “Make Up the Breakdown” do Hot Hot Heat, em versão remasterizada. É um disco super pop, daquela época em que a gente achava que o Strokes era a maior banda do Mundo.
Esse disco tem clássicos como “No, Not Now” e “Bandages”, foi produzido por Jack Endino com mixagem do ex Death Cab for Cutie, Chris Walla. A nova edição tem 2 músicas a mais: “Apt. 101” e “Move On”, que só haviam saído na versão do single de “Bandages” no Reino Unido. Essa música era certeza de pista cheia lá no começo dos anos 2000.
Morrissey merece menção ainda? Eu acho que não. Mais li em algum lugar que o novo single dele estava mais The Smiths que nunca. E eu fui ouvir “Rebels Without Applause”.
Achei medíocre como as coisas mais recentes dele e não vai ser um riffezinho à la “This Charming Man” que vai me convencer. Mas tai pra quem quiser concordar/discordar.
Já o Stephen Lawrie do The Telescopes, quando resolve se distanciar do white noise, faz coisas incríveis. O mais recente é um álbum em parceria com uma banda que eu não conhecia chamada Flavor Crystals. O projeto se chama Foam Giant e disco novo se chama “Under the Trees”, aparentemente uma trilha sonora para um filme dinamarquês de 1991 com mesmo título que nunca foi lançado.
Se o filme existe mesmo não faz diferença porque as músicas são sublimes. As letras e os vocais são todos de Stephen e o álbum ainda tem participações de Ricky Maymi (Brian Jonestown Massacre), Peter Anderson (Ocean Blue) e mais uma galera que eu não conheço. Se eu entendi direito, a arte da capa é do Robert Pollard (Guided by Voices). Se não for um homônimo, parece mesmo feita por ele.
E depois de 7 anos, Leftfield, o duo formado em 1989 em Londres e que hoje conta apenas com Neil Barnes da formação original, está para lançar seu 4º álbum de estúdio, “This is What We Do”. Não sou fã do Leftfield mas quando eles decidem pegar pesado nas batidas, são mestres. Um dos singles deste novo disco é bem assim:
E você não ouviu errado: o vocalista nesta faixa é o cara do Fontaines DC.
Só para terminar, saiu a escalação do Primavera Sound 2023 em Barcelona. É uma das piores de todos os tempos. Aparentemente o festival resolveu ficar pop. Alguns amigos chamaram convenientemente de “coachellização” do Primavera Sound. Mas se você olhar nas linhas pequenas, tem algumas coisas interessantes. Para mim, a mais interessante é a escalação do duo coldwave (termo novo para gótico) Lebanon Hanover. A dupla formada em 2010 pela suíça Larissa Iceglass e William Maybelline da Inglaterra tem 7 álbuns de estúdio lançados, o último deles de 2020. Vê-los ao vivo num festival tão ensolarado vai ser no mínimo curioso.