Imagina que você toca numa banda e quer divulgar sua música em blogs e playlists. A primeira coisa que você faz é procurar os contatos e enviar um email com o material, certo?
Pode se preparar para não receber uma resposta sequer. E os motivos são os mais variados: o blogueiro / playlister não teve tempo ou interesse de ouvir sua música, ou sua música não é boa o suficiente para os critérios cada vez mais subjetivos de profissionais (e amadores) do jornalismo musical.
Mas e se você oferecesse 50 centavos de dólar para que eles ao menos ouvissem sua música? Não estou falando de pagar para falar a respeito (jabá), estou falando de pagar alguns centavos para ser ouvido.
Você, como banda, pagaria? E você blogueiro, receberia?
Pois é isso que promete o Submit Hub, um serviço criado pelo sul-africano Jason Grishkoff em 2015, inicialmente como uma ferramenta para organizar as centenas de sugestões que ele recebia para o seu blog, o Indie Shuflle.
Ex-funcionário do Google, em 2013 Jason largou a gigante do Vale do Silício e voltou para Cidade do Cabo, na África do Sul, para se dedicar ao Indie Shuffle. A ferramenta Submit Hub (hub de envios) inicialmente servia apenas para simplificar e organizar o trabalho de seleção e resposta ao inúmeros emails diários que ele recebia. “Aos poucos, outros blogueiros gostaram do sistema e pediram para usar. Antes que eu me desse conta, o Submit Hub tinha virado uma plataforma para blogueiros, YouTubers e curadores de playlists organizarem as sugestões diárias de músicas que recebem“, conta Jason.
Hoje o Submit Hub concentra quase 600 veículos, entre blogs, canais do YouTube, playlists de Spotify e Soundcloud, rádios, além de selos e gravadoras que, a princípio, parecem o Eldorado perdido para artistas em busca de divulgação e promoção.
Só que não é tão simples assim.
Este Lariú que vos escreve sempre atuou dos dois “lados do balcão”, recebendo material enviado por bandas e enviando material das bandas do mmrecords. Não sou jornalista formado mas sempre trabalhei com jornalismo musical; comecei lá em 1989 neste fanzine que você está lendo agora e já fiz essa seleção para MTV, Fluminense FM, algumas rádios e atualmente para a PlayTV.
O outro lado deste balcão é a minha gravadora. Quantas vezes eu tentei chamar atenção de jornalistas e fui ignorado? Mais vezes do que fui atendido…
Falando pelo lado blogueiro, há uma falta de tempo absurda para lidar com a quantidade de informação. Já era assim nos anos 90. Me lembro em 1992, quando publiquei no midsummer madness uma matéria sobre as demos lançadas no Brasil e, por absoluta falta de espaço na página, terminei a matéria dizendo que “o resto era o resto”. Isso deixou de fora um grupo de bandas que se revoltaram de tal maneira comigo a ponto de criar um festival chamado I Hate Lariu. Mas isso é outra estória.
Quando estou tentando divulgar as bandas do meu selo, tenho total noção de que o simples envio de um email ou até de material via Correios não garante a publicação de uma matéria. Não garante nem que seu email será lido. Fico puto da vida por não receber ao menos uma satisfação, uma resposta que seja para o envio do material. Tento, na medida do possível, responder a todas as bandas que enviam material tanto para o zine como para o selo… mas às vezes alguém fica “no vácuo”.
Qualquer jornalista ou blogueiro na minha posição diria que simplesmente não dá tempo. E não dá mesmo. Existem algumas situações entretanto que o material que você recebe é tão ruim ou tão “nada a ver” com seu blog ou programa de TV, que até para dizer “desculpa, não vai rolar” fica difícil. Mas isso também é outra estória.
No final das contas, divulgar sua música é uma ciência inexata.
Um blog norte-americano chamado Aristake, editado por um músico e compositor chamado Ari Herstand, escreveu um texto parecido falando sobre o Submit Hub. Ele define muito bem qual é a principal diferença entre músicos e blogueiros: “Você tem que lembrar que blogueiros não são músicos. Eles são amantes de música. Eles sabem do que gostam e do que não gostam. Mas eles não sabem te dizer exatamente o porquê (…) Eles conhecem a cultura da música. E querem contribuir para essa cultura” (tradução livre da parte final do texto do link acima).
Então, antes de eu começar a explicar como funciona o Submit Hub, tenha em mente que por mais eficiente que a ferramenta seja, estamos falando de gosto pessoal, de relações humanas e de impressões artísticas. Esse fator humano garante que o Submit Hub vai te expor às virtudes e às falhas do jornalismo cultural.
Como funciona?
Vou tentar ser objetivo.
Para começo de conversa, se você tem banda ou blog, pode se registrar. Bandas devem clicar em “Submit a Song” (se você quiser promover sua música para blogs, playlists, etc) ou em “Find a Label” (se você quiser enviar seu material para gravadoras). Blogs precisam clicar em “Add your blog, channel, radio or label” para se cadastrar e passar por uma checagem que é feita pessoalmente por Jason e sua equipe.
Se ainda não está óbvio, o Submit Hub é todo em inglês e a grande maioria dos responsáveis pelos blogs, playlists e selos não falam português. Recebi muito material dos Estados Unidos, bastante coisa da Inglaterra, artistas da Alemanha, Escandinávia e Leste Europeu. Do Brasil e Portugal até agora foram apenas 5 em quase 1200. Você pode ver os dados sobre o midsummer madness aqui.
Mas vamos lá, supondo que você é uma banda, são duas opções: comprar créditos ou enviar material sem gastar. Cada crédito custa US$1 e você pode comprá-los em combos de 5, 10, 30 ou 100 créditos (este último custa US$80). A diferença entre os tipos de créditos é a seguinte:
crédito premium (pago):
– blogs / playlists tem 48 horas para dar um retorno. Se não derem, você recebe os créditos de volta;
– blogs / playlists precisam ouvir no mínimo 20 segundos e escrever um feedback com no mínimo 10 palavras explicando o porquê de aceitar ou não aceitar a sugestão;
– sua campanha (submission) aparece primeiro na caixa de entrada de cada blog / playlist;
– blogs / playlists ganham 50% do crédito após ouvir sua música. Caso eles aceitem publicar algo, os outros 50% são pagos após a publicação. Quando a música é rejeitada, seus 50% ficam com o Submit Hub.
Recentemente o Submit Hub criou uma opção onde o artista pode ignorar o feedback por escrito (as tais 10 palavras) mas obrigar o blogueiro a ouvir no mínimo 1 minuto e meio da música enviada. Essa opção foi criada depois que artistas reclamaram que 20 segundos não era o suficiente para gostar ou não de uma música (mas essa também é outra estória).
crédito standard (gratuito)
– artista ganha 2 créditos ao se registrar;
– sua campanha (submission) aparece para os blogs / playlists numa lista depois de todas as campanhas premium;
– blogs / playlists não são obrigados a ouvir 20 segundos nem a dar feedback por escrito (campanhas standard vêm com a opção “negar instantaneamente”)
Se você tem créditos, premium ou standard, o roteiro é o seguinte:
1) clicando “submit a song” você preenche um formulário com informações sobre o material que vai enviar. Importante: o Submit Hub só aceita uma música por campanha, ou seja, nem pense em enviar um álbum inteiro. Até porque ninguém ouviria mesmo. Pense na música mais legal, a tal “música de trabalho”.
Você vai inserir informações como o link para ouvir a música, outros links que mostrem mais do seu trabalho (se o blogueiro gostar do que ouviu, ele com certeza vai querer saber mais), se o material já foi ou ainda será lançado (você pode usar links secretos do Bandcamp e do Soundcloud para isso), data de lançamento, país de origem, entre outros detalhes.
2) Com seu material pronto, você escolhe que tipo de retorno espera (resenha, inclusão em playlists, compartilhamento em redes sociais ou “qualquer coisa que vier tá bom”). Você também poderá escolher os veículos para os quais quer enviar seu material. A lista traz a opção de selecionar por gênero musical, país, se prefere blogs, canais do youtube, playlists do Spotify, se o blog está listado no HypeMachine, se o blog costuma não responder, entre outras opções.
Uma opção importante a se fazer nesse momento tem a ver com o “preço de cada blog”: a maioria custa $ (o que significa que você vai usar 1 crédito), alguns custam $$ e $$$ (dois e três créditos respectivamente). Nessa seleção você verá o país da publicação, o tamanho do alcance dele (engloba a soma dos números de redes sociais da publicação), qual é a taxa média de aprovação da publicação, que tipo de música eles procuram e inclusive qual estilo musical costumam aprovar com mais frequência (veja exemplo abaixo)
Supondo que você tenha 30 créditos premium (US$27) e 2 créditos standard. Sua banda deveria direcionar os créditos premium aos blogs e playlists que mais interessam e deixar os créditos standard para outras publicações menores. Mas não há muita lógica nisso: blogs pequenos tendem a dar maior atenção quando o envio é pago.
De qualquer forma, o mais importante é começar escolhendo blogs / playlists / etc que estejam alinhados com a sua música e prestar muita atenção na descrição que o dono da publicação dá, dizendo inclusive o que não quer receber de forma alguma. É aquilo que eu falei lá no começo do texto: se você é uma banda de hair metal, ou emo, não adianta enviar material para o midsummer madness porque a gente não vai gostar da sua banda.
3) Com sua campanha pronta, você envia o material para as publicações. Toda vez que alguém aprovar ou reprovar sua música, você vai receber um email. Se for aprovado, o blog / playlist vai te dizer o que pretende fazer (uma resenha, uma entrevista, ou vai incluir sua música numa playlist, etc) e quando. Se você for reprovado e pediu feedback, receberá explicações por escrito de porque sua música foi rejeitada.
Lembre-se o que o Ari disse lá em cima: os argumentos na maioria das vezes não são claros e você está sujeito às decisões editoriais de cada publicação.
Se você foi aprovado, o blog / playlist que decidiu publicar algo ganha outros 50 centavos de dólar depois que o combinado for cumprido: resenha publicada, compartilhamento em redes sociais, etc., e você como banda recebe um aviso da publicação.
Afinal, vale a pena?
São dois lados do balcão que podem se interessar pelo serviço do Submit Hub.
Como “blogueiro”, o Submit Hub representa um novo horizonte: finalmente existe uma ferramenta prática e eficiente para gerar receita para o zine. Em 2016 quando o fanzine voltou a ser publicado na forma de webzine, eu estudei várias formas de tentar fazer com que o midsummer madness fosse viável financeiramente: Google Ads, usar receita de venda de CDs e até oferecer banners gratuitos para possíveis parceiros. Nada funcionou.
Agora eu estou sempre checando se chegaram novas sugestões no Submit Hub e fico atento ao prazo. Toda vez que eu ouço uma banda enviada como premium, recebo 50 centavos de dólar. No momento que escrevo essa matéria, o midsummer madness já arrecadou US$300 em quase 2 meses de uso do Submit Hub.
Mas não pense que é dinheiro fácil.
Ao aprovar, você assume um compromisso com o artista e precisa publicar algo. Como eu me preocupo com a qualidade da música que indico e principalmente com a qualidade dos textos destas indicações, não adianta sair aprovando toda banda que manda premium submission.
Jason toma vários cuidados para manter o Submit Hub um ambiente sadio para músicos e blogueiros. Existe um chat para blogueiros trocarem ideias, uma página de boas práticas que sugere, por exemplo, que se responda educadamente aos músicos e que se faça críticas construtivas. Além disso, toda vez que um blog aprova ou reprova uma música, o artista que a submeteu pode avaliar o feedback dado. Das reprovações que eu tive que dar feedback, até que estou indo bem, veja:
Não sei como falar isso sem ficar parecendo uma daquelas pessoas que faz dieta milagrosa, mas daria para dizer que a experiência do Submit Hub mudou a relação que eu tinha com o fanzine. Por vários motivos:
- gerou uma fonte de receita que possibilita que eu me dedique mais ao blog do que antes, quando a atenção estava concentrada no trabalho que paga as contas;
- mostrou que existe um mar de bandas correndo por fora do esquemão, até em mercados maduros, como os EUA, Inglaterra e Europa (leia mais aqui)
- solidificou a proposta editorial do blog, porque o hábito de ouvir música quase que diariamente, “afinou” meu ouvido para o que é legal.
Falando como selo que representa vários artistas, eu diria para bandas que elas deveriam incluir o Submit Hub em seus planos de divulgação, principalmente se acham bacana ter um feedback estrangeiro. O custo de usar o serviço premium pode ser proibitivo para maiorias dos artistas brasileiros e o retorno talvez ainda não seja tão bom no custo x benefício.
No momento que escrevo este texto, as estatísticas do Submit Hub dizem dos 567 blogs e gravadoras ativas, que o alcance combinado é de aproximadamente 64.7 milhões de pessoas, e que até o momento estes veículos receberam 4,6 milhões de sugestões e que a taxa de resposta média é de 76%.
Mas não pense que o resultado será certeiro.
A taxa de resposta de 76% significa que das 4,6 milhões de sugestões, somente 24% ficaram sem resposta, o famoso “no vácuo”. Mas as que receberam resposta, não necessariamente foram aprovadas, pelo contrário! A grande maioria das 76% que receberam alguma resposta, foram rejeitadas. O Submit Hub mantém uma espécie de “parada de sucessos” com a lista dos artistas que estão indo bem com as publicações.
Enquanto escrevo este texto, o Isaac Dunbar tem uma taxa de aprovação de 18% (21 publicações aprovaram a música dele). Isso significa que Isaac enviou sua música para aproximadamente 116 publicações.
Eu testei o Submit Hub com um número bem menor de envios e os resultados não seguem uma lógica. Na campanha que eu enviei uma música de uma banda para apenas 7 blogs, tive duas aprovações. Numa outra campanha, enviei para 16 blogs, inclusive para os dois que haviam aprovado antes, e tive 16 reprovações. 100% de “não”.
O problema que o Submit Hub resolveu é que agora, em vez de ficar “no vácuo”, sem ao menos uma satisfação, você tem a atenção dos amados/odiados blogueiros e playlisters. A atenção pode ser do tipo “nossa que legal, como eu não ouvi isso antes?” ou um seco “não gostei”.
Mas lembra que eu falei lá no começo? Não é uma ciência exata.
É ético pagar para ter atenção?
Eu acho que sim, desde que as duas partes entendam o funcionamento do serviço do Submit Hub. De alguma forma, o que a ferramenta faz é facilitar o acesso aos editores destes veículos, gerando interesse mútuo via valor financeiro. O que acontecia antes da internet e ainda acontece até hoje é que artistas buscando divulgação na imprensa contratam assessores. Estes profissionais são jornalistas que preparam todo material junto com a banda e enviam para o seu network.
Júlia Ourique, assessora de imprensa de várias bandas independentes brasileiras pontuou dizendo “A gente tenta ‘encapar’ a música com os melhores argumentos para os jornalistas receberem algo mastigado“. Um bom assessor de imprensa é aquele que tem “entrada” com vários veículos e uma extensa lista de contatos. Esse profissional é pago, e um bom assessor de imprensa no Brasil, para fazer uma campanha de 3 meses nacional custa entre R$1500 a R$5000.
Numa pesquisa informal que fiz com bandas e profissionais da área no Brasil (obrigado às bandas The Dead Suns, Early Morning Sky, Santa Pipe, Iorigun, às profissionais da SIM São Paulo, Tropi Press, OrBe Comunicação, Favorite Produções, Hearts Bleed Blue (HBB) e Supernova) a maioria acha que blogs especializados e playlists são o caminho mais eficiente de divulgação (92%) e a mesma maioria (inclusive as bandas) também acham que os mais atenciosos/interessados são os blogs especializados.
Fabiana Batistela, diretora da SIM São Paulo e ex assessora de imprensa, complementou que “mesmo que o blogueiro não poste nada sobre as bandas, o conteúdo está chegando até ele, o que é bom para criar novas conexões e o conteúdo se espalhar“. Já Paola Zambianchi, assessora de imprensa do selo Hearts Bleed Blue, acha que “hoje a maioria dos jornalistas só escreve sobre o que gosta e se mantém na zona de conforto”.
Pensando assim, ao rejeitar a sua música o blogueiro se esquiva da crítica negativa. Mas quem quer crítica negativa, o famoso “falem mal mas falem de mim?” Seria melhor investir os R$1500 do trabalho de um assessor no Submit Hub? Pensa quantos créditos você poderia comprar com esse dinheiro… Mas é óbvio que essa conta não é simples assim. Os motivos são vários:
- o Submit Hub serve apenas para uma campanha no exterior. Fiz uma pesquisa rápida e fiquei surpreso ao perceber que são apenas dois veículos do Brasil;
- os sites famosos não estão no Submit Hub. Não espere achar um caminho para chegar aos editores da Pitchfork, do TheQuietus, Loud & Quiet, Clash, muito menos Vice, Rolling Stone, NME ou Billboard;
- uma amiga assessora de imprensa quando soube do site falou: “No começo fiquei assustada, achei que era o fim do meu emprego“. Eu respondi que bons profissionais vão se manter em qualquer área. Assim como seu taxista favorito ainda tem sua preferência em desfavor do Uber malandrão, um assessor de imprensa bom vai saber melhor do que ninguém preparar uma campanha de divulgação eficiente.
Se a sua banda puder contratar um assessor de imprensa e você estiver interessado em divulgação no exterior, converse com o assessor se ele não topa administrar a campanha internacional via Submit Hub. Eu recebo muitas sugestões vindas de publicists e não diretamente de artistas.
Na maioria das vezes, os publicists são os que estão mais acostumados à rejeição, talvez por respeitar a decisão editorial dos blogueiros. Fora do Submit Hub, numa campanha tradicional onde o assessor enviaria centenas de emails e faria algumas ligações telefônicas, a quantidade de “não” que eles recebem é tão alta quanto as taxas de reprovação no Submit Hub.
Ou pior do que receber não; na maioria das vezes os assessores também ficam “no vácuo”, sem qualquer resposta.
Por exemplo, a minha gravadora tem uma lista de imprensa atualizada com 233 emails de jornalistas, blogueiros, radialistas, produtores de TV, etc. Sempre que existe um lançamento, eu preparo um email padrão e envio pros coleguinhas. O resultado do envio mais recente foi esse:
Dos 221 contatos (12 se perderam – bounced) apenas 55 coleguinhas abriram o email e somente 2 clicaram nos links que levavam para mais informação. Uma taxa de 19,4% de interesse.
Daria até para dizer novamente que divulgar música nova é uma ciência inexata, mas nesse caso passa pela falta de tempo e de interesse dos coleguinhas e até por uma falta de respeito com a pessoa que te envia email (não vou dizer nomes, mas nesta lista de 233 contatos, mais de 40% eu conheço pessoalmente). Se um conhecido me manda email, eu tento sempre responder, mesmo que seja uma negativa. Eu odeio ser deixado “no vácuo” e tento não fazer o mesmo com quem me contacta.
Mas qual a conclusão?
Quando comecei a usar o Submit Hub, fiquei tão empolgado que pensei neste artigo como algo grandioso, do tipo “a revolução da assessoria de imprensa”. Depois de conversar com bandas e profissionais assessores de imprensa (N.R.: nenhum coleguinha jornalista ou blogueiro se dignou a responder meus emails) percebi que no final das contas o Submit Hub é só mais uma ferramenta.
Uma ferramenta genial tanto para quem tem blog / playlist / canal do Youtube, quanto para quem tem banda. Se você é blogueiro, pode ser uma fonte de renda interessante. Se você é músico, é mais uma ferramenta eficiente.
Só não existe fórmula. Não pense que o jornalismo cultural é um terreno fértil. O artista, se fosse editor de um blog, certamente daria destaque para sua arte. O jornalista cultural tem outros critérios. A rejeição obviamente não é bem vinda. “But hey! You’ve asked for it!”
Vale aquela máxima: se você manda sua música para um blog e este blog faz uma super matéria incrível sobre sua banda, esse blog é incrível e isso valida sua música ainda mais (principalmente se for um blog gringo porque a gente no Brasil adora ignorar talentos até algum gringo vir dizer que é bom, não é verdade?). Mas se o blog rejeita sua música, o editor é um imbecil.
Aconteceu recentemente no Brasil do escritor Ronaldo Bressane publicar em seu perfil do Facebook um email que um amigo recebeu de resposta da YouTuber Tati Feltrin com a tabela de preços para o tipo de exposição que ela poderia dar em seu canal. Essa “treta” gerou discussões infinitas no Facebook onde se questionava a ética da YouTuber em cobrar pela exposição.
De um lado, pessoas defendendo que a YouTuber tem o direito de cobrar pela exposição já que criou o network, tem custos para produzir o conteúdo; que o que não era ético era a divulgação de um email profissional, que a YouTuber deixava claro que a “compra de espaço” não garantiria resenha positiva.
Do outro lado, pessoas dizendo que cobrar pelo espaço era jabá, que se ela recebesse para falar do livro dificilmente falaria mal, que se recebesse e falasse mal era no mínimo burrice.
Eu fiquei do lado da YouTuber, mesmo sem a conhecer, porque para mim uma coisa é óbvia: o escritor amigo do Ronaldo claramente estava interessado em aparecer nos vídeos da Tati. Quando ela respondeu com uma proposta comercial, o escritor achou que estava tudo errado com o Mundo e que a culpa dessa zona toda é dos Millenials. :O
Com o Submit Hub é parecido. Não vá surtar se a sua taxa de aprovação for de 0%. Os editores dos blogs, de playlists, de canais de YouTube é que decidem o que deve e o que não deve ser publicado em seus veículos. Era e contnua igualzinho para ter espaço na grande mídia. Os critérios de seleção às vezes não parecem justos ou claros. Mas apesar de toda injustiça e nebulosidade, você, banda, ainda quer MUITO que ele publique algo sobre sua arte.
Nunca foi um sistema perfeito. O que o Submit Hub fez foi resolver um dos problemas nesta luta por espaço: sim, você está pagando para alguém ao menos olhar para você por 20 ou 90 segundos! Pensa se fizessem isso com ouvintes normais no streaming? Existe muita música boa sendo produzida Mundo afora e nenhum jornal, nenhum blog, nenhuma playlist ou canal do YouTube vai dar conta de tudo isso.
Ao mesmo tempo, às vezes leva menos que 20 segundos para se apaixonar por uma banda e uma delas pode ser a sua.