The Cat’s Miaow se formou em Melbourne, Austrália, em 1992 e durou seis anos. A maioria de seus lançamentos saiu em cassete, vinis 7″ e splits, incluindo um flexidisc com Stereolab em 1995. Passearam por várias gravadoras, curiosamente a maioria delas norte-americanas, e fizeram apenas um show oficial.
Então porque você deveria ouví-los? Porque The Cat’s Miaow é um legítimo representante do underground dos anos 1990, que distribuía seus álbuns em cassetes e não aparecia na grande imprensa mas povoava os fanzines. E, se você gosta de Galaxie 500, Black Tambourine, Pastels e tem adoração por qualquer coisa da Sarah Records, The Cat’s Miaow deveria ser a sua nova banda obscura favorita.
Ter acesso aos lançamentos da banda nos anos 90 requeria uma grande dose de empreendedorismo: como comprar uma fita ou um 7″ de uma banda australiana sem internet? Mas ainda bem que em 2022 o selo londrino World of Echo lançou a compilação “Songs ’94 – ’98” que reúne o material mais conhecido de singles e compactos. Agora o mesmo selo anunciou uma 2ª compilação, “Skipping Stones – The Cassette Years ’92 – ’93”, um lançamento em vinil duplo com 35 músicas previsto para 3 de Maio que traz material de quatro fitas do quarteto lançadas entre 1992 e 1993.
As quatro fitas cassete reunidas em “Skipping Stones” são “Little Baby Sour Puss”, “Pet Sounds” (ambas de 1992), “From My Window” e “How Did Everything Get So Fucked Up” (ambas de 1993). Estas fitas sairam pela Toytown, uma gravadora de fitas cassete de Melbourne que lançava também outros grupos obscuros como Sukpatch, The Ah Club, Kitty Craft e Land Of The Loops. Nos anos 90, quando a banda existiu, eu me lembro vagamente de ver o nome deles listado em catálogos xerocados de selos e distribuidoras como Quiddity, Drive-In e Darla Records. Mas nunca comprei porque não tinha ouvido e não fazia ideia do som. Alguns de vocês aqui se lembram daquela época né, internet ainda era ficção científica.
Naquela época as fitas eram o suporte perfeito: baratas, fáceis de reproduzir e feitas sob demanda. Muitas bandas no Mundo inteiro gravaram registros que sairam apenas em fita. Aqui no Brasil a gente tinha o péssimo costume de chamar de fita-demo quando na verdade estas fitas não tinham nada de demo, ou demonstração; eram sim o trabalho finalizado, um álbum ou EP feito da melhor maneira possível que aquelas bandas podiam preparar. (Leia o texto sobre “Demo é o Cassete” no zine de 30 anos do midsummer madness, aqui, na página 5).
The Cat’s Miaow gravou 35 músicas em 4 fitas, algo que nem o Sleepwalkers conseguiu, todas vão estar na coletânea “Skipping Stones”. Tem um pouco de tudo: girl-pop, wall of sound, shoegaze lo-fi, synthpop, jangle-rock. As fitas trazem também versões iniciais de músicas que seriam regravadas mais tarde como “Third Floor Fire Escape View” e “Not Like I Was Doing Anything”. Além do vinil duplo, vai ser lançada também uma cassete com tiragem limitada a 250 cópias só com versões, objetivamente intitulada “A Cassette of Covers” que traz versões para “You Trip Me Up” do Jesus & Mary Chain e “A Day in the Life” dos Beatles.
Por causa dos relançamentos, The Cat’s Miaow se reuniu em 2023 e lançou um single split com o Rocketship trazendo material novo. A banda também voltou aos palcos fazendo seu segundo show de toda carreira. A World of Echo está fazendo um enorme favor relançando estas obscuridades. Esta pode ser considerada a 4ª compilação associada ao The Cat’s Miaow se incluirmos “Gone By Fall” do The Shapiros e “Selected Songs 1997-2003” do Hydroplane.
“Skipping Stones: The Cassette Years ’92-’93” está na pré-venda na loja online do selo World of Echo, aqui