Death to the Pixies
A primeira pergunta é: os Pixies realmente vão conseguir fazer algo tão marcante quanto os discos da primeira fase da banda? Impulsionado por nosso destemido editor, fui escutar tais dois últimos discos da banda e preciso dizer que soam relativamente OK caso não existisse este passado salgado, pesado e brilhante do quarteto de Boston. Portanto, antes de mais nada: não. Nada nestes dois discos entram em um Best Of (aliás já existe um definitivo chamado “Death To The Pixies“) e assunto encerrado.
Gigantic
Apesar de Kim ser a atriz principal neste episódio, Frank/Charles/Black é o diretor. Uma amostra do futuro brilhante e uma das maiores dores de cabeça do gordinho, que segundo relatos além de suas tendências ditatoriais ainda estava apaixonado pela moça. Por anos as Breeders ignoraram qualquer música dos Pixies em seu set list, mas no CPF (Curitiba Pop Festival, 1ª edição, aconteceu em 2003) em Curitiba esta foi a música abalou as estruturas da Ópera De Arame e por alguns anos, realmente acreditei que isso seria o mais próximo que chegaria dos Pixies quando tempo depois assisti a Kim Deal pelo circuito fechado de um hotel na mesmíssima Curitiba, no mesmíssimo CPF conversando no lobby com o Teenage Fanclub. Fim mágico para este filme.
Here Comes Your Man
89 FM circa 1991 esperando com uma BASF 60 e os dedos mais rápidos do oeste para capturar este sopro pop. Mais tarde já nos tempos da MTV, clip ao contrário e artístico demais, pequena implosão de chances no mainstream americano e adoração nas terras da rainha. Uma vez me explicaram que a diferença entre música pop e erudita residia no fato de que em 2 segundos você descobre qual é a música no universo pop e sem dúvida nenhuma o “thangggg” inicial é a comprovação desta tese.
Dig For Fire
Introdução contemplativa e demonstração de controle. Quando uma das guitarras começa a tocar um ritmo de festa, a música parece virar 40 graus em direção ao sol. Não tem como não pensar em motos, couro e “Alisson”.
Wave Of Multilation
O momento mais “Surfer Rosa” de “Doolittle”. Letra perfeita, música perfeita e possivelmente o ponto alto de um disco absolutamente sem erros.
Wave Of Multilation (UK Surf)
Tão boa que merece o replay. A versão lenta é tão incrível quanto a original e obviamente traz a tona o lado mais cinza da euforia alcoólica da versão original. Usada com maestria em “Pump Of The Volume” (o filme, não a música) e dependendo da hora do dia, tem tons de azul.
Where’s My Mind
Masterclass de produção featuring Steve Albini que por incrível que pareça, deu de graça este som de bateria para Britt Walford usar e abusar no Slint dois anos depois, em um momento de plena auto referência. Um dos pratos principais da culinária com elementos agridoce de origem oriental e depois do Clube Da Luta, trilha sonora para colapso de prédios, tiro na boca e ficar com uma menina claramente insana no fim da festa.
U-Mass
AKA “Vamos brincar de ser o ZZ Top” com riff perfeito, cowbell perfeito e letra tocando na ferida universitária. Kim Deal já estava no canto, apenas lambendo suas feridas enquanto Black/Charles/Frank já pensava no próximo passo. Eu nunca vi alguém tocar esta música em uma discotecagem.
(nota do editor: Eduardo, você precisa rever as festas que foi e as que ainda vai, ok?)
Hey
Montanha Russa de emoções e indicada ao troféu de melhor performance vocal da carreira. Quarto virando 360 graus, 5 da manhã e o puro desespero de tentar consertar algo que deu muito errado na noite. Pura poesia concreta impressa no encarte
“uh
is
the
sound
that the mother makes when the baby breaks”
Letter To Memphis
Ainda acredito que “Trompe Le Monde”, com todos os seus problemas e super produção para o padrão Pixies, ainda é o clássico esquecido. O disco tem uma narrativa impecável e mostra o nosso gordinho querido entrando fundo em uma dissociação quase ketamínica e evitando a todo o custo olhar para o lado e ver… Kim! Então sobra disco voador e synths, mas lá está Kim, drogada e prostituída, perdendo o avião para o próximos show e abrindo aquele sorriso que encantou toda uma geração. Aliás, por onde anda esta mulher?
Winterlong
Possivelmente a melhor regravação de uma música do Neil Young. Possivelmente uma das melhores gravações dos Pixies e injustamente um lado B de “Dig For Fire”. Gravada nos estúdios Hansa (dê um Google sobre o assunto) e uma triste lembrança dos lados B, do Lado B e de como esta banda deveria ter feito a tal tour da volta e ficado quieta.