Vamos pautar pela continuidade. Enquanto que as explorações profundas de Burial são um sonoro “foda-se” para quem acredita na funcionalidade da música eletrônica, é impossível ignorar o aspecto prático da besta. O problema é que a tal instituição “pista” tem sido violentada nos últimos tempos: “brothers” hidratados de whisky/vodka com energético lado a lado de “djs” da última semana, tocando um greatest hits de mp3s de baixa qualidade… Muitas vezes não se sabe onde um começa e o outro termina.

A “pista” sempre foi aberta. Mancuso, Levan e Hardy experimentaram, mas a vedade é que poucos entenderam as fundações do fato, que a tal democracia sonora é a verdadeira lei. Hoje tal ecletismo é apenas mais um commodity, troca-se o tal playlist “deep house” pelo “balearic orange juice sensation” e recebemos apenas repetição, não criação.

Daphini é o codinome – mais – eletrônico de Dan Snaith, mais conhecido como Caribou, dono do maior show da face da terra e alguns dos discos mais incríveis dos últimos anos. É só escutar sua discografia completa para entender a genialidade deste canadense radicado em Londres.

“Face To Face” é a pista vibrando em pura diversão e arte. Simples, minimalista, zero sintética e apontando o futuro (mesmo que o do pretérito)… Literalmente uma luz no fim do túnel.

Esta faixa antecipa o fabriclive de Daphini e já proporciona outro outro soco na cara: ao contrário de “cd mixes” com faixas de vários artistas, geralmente uma mistura de hits e obscuridades, todas as músicas são suas (tirando alguns edits, criados especialmente para o projeto).