A primeira coisa que você vai saber sobre o Topographies é que essa é a banda do Gray Tolhurst, filho do ex baterista e tecladista do The Cure, Laurence ‘Lol’ Tolhurst. E as semelhanças sonoras com o som da banda do pai são muitas. Mas uma audição mais cuidadosa na ainda pequena discografia da banda revela pequenos tesouros do shoegaze.

Formada em 2017 em São Francisco por Gray (bateria e voz), Jeremie Ruest (guitarra), Justin Oronos (baixo) e Lauren Grubb (guitarra), “Ideal Form”, o disco de estreia, saiu em Dezembro de 2020 pela Funeral Party Records. O disco foi produzido por Chris King (da banda Cold Showers) e masterizado por Rafael Anton Irisarri em Nova York.

“Ideal Form” tem apenas 8 músicas com muitos sintetizadores e linhas de baixos marcadas que colocam o Topographies em algum lugar entre o final dos anos 80 e o começo dos 90. Algo como uma banda shoegaze vidrada em cold-wave. O álbum deixa uma impressão de que dá para resumir o som do Topographies no Cure.

Só que antes do álbum, o Topographies lançou 2 singles e dois EPs. Todas as faixas destes singles e EPs não estão em “Ideal Form” e a evolução do shoegaze para a cold wave é visível. O single “Cherry Blossom” de 2019, lançado pelo selo inglês Sonic Cathedral, explora mais as guitarras do que os sintetizadores. Outra curiosidade desse início é uma sessão ao vivo gravada no clube Part-Time Punks de Los Angeles, com 4 faixas, sendo duas delas versões para my bloody Valentine (“Sueisfine” e “I Only Said”).

Apesar do álbum lembrar bastante a fase “Disintegration” da banda do pai, Gray andou dizendo em algumas entrevistas que demorou a ouvir The Cure e que sua educação musical passou mais por Can, The Chameleons. Tá explicado.

Ouça no Spotify ou no Bandcamp.