“Monster”, o 12º álbum da discografia do R.E.M. saiu em 27 de Setembro de 1994. Ou seja 1/4 de século atrás.
Putaquilpariu. Se fossem bodas de prata do “Document” ou do “Green”, eu ficaria menos bolado com a passagem do tempo. Minha música favorita, “Fall on Me” já tem 33 anos! (ouça o Top 10 ali embaixo). O “Monster” foi para mim um início de declínio do R.E.M.. E, apesar de boas músicas no álbuns que vieram depois, eu continuo com esta convicção.
Podem me julgar mas eu nunca achei o R.E.M. tudo isso. O conjunto da obra é respeitável mas não o suficiente para configurar como banda que define a vida. No final dos anos 80, quando eles estavam lançando “Document”, “Green” ou até o “Life’s Rich Pageant”, algumas músicas dali me arrepiam até hoje.
Quando saiu o “Out of Time”, eu já estava em outra. O R.E.M. tinha virado uma banda pop e é óbvio que deu uma rebordosa o sucesso de “Losing My Religion”. Aquela síndrome de indie, de que fica ruim quando tá famoso (mas “Losing My Religion” é uma belíssima canção).
O declínio do R.E.M. já tem 25 anos. E dai você percebe que a sua juventude também já foi embora há muito, muito tempo.
1994 foi um ano estranho. Havia um genocídio rolando na Bósnia, Ayrton Senna morreu (fiquei triste, claro, mas eu nunca gostei muito dele, sempre preferi o Roberto Pupo Moreno), o plano Real foi criado e o Brasil foi tetra-campeão na Copa do Mundo dos EUA depois de um jejum de 24 anos; Mandela foi eleito presidente da África do Sul e Berlusconi na Itália, Bill Clinton e Boris Yeltsin assinavam tratados anti-nucleares e a Guerra Fria já não existia. Trump era um ricaço idiota e Bolsonaro… bom, nem nos piores pesadelos imaginava que chegaríamos nisso.
Foi em 1994 que o midsummer madness virou um selo de fitas cassete e a gente lançou “Felícia” do Cigarettes e “Cachorrona” das Drivellers. Naquele mesmo ano o Second Come lançou “Superkids, Superdrugs, Supergod and Strangers”. O “Monster” parecia esse “…strangers” do título do Second Come.
Eu tinha acabado de atingir a maioridade legal e ainda não tinha um emprego decente. Almoçava PFs que custavam R$3 e gastava fortunas em CDs importados. As noitadas na Basement, inferninho na mal-falada Galeria Alaska em Copacabana, eram o principal objetivo da semana, e “Do You Remember the First Time?” do Pulp era melhor para dançar do que “Star 69”. Em 1994 eu não sabia o que fazer da vida e “Range Life” do Pavement fazia mais sentido do que “Crush With Eyeliner”.
1994 foi mais “Crooked Rain, Crooked Rain” do que “Monster”. Fato é que “Monster” está comemorando 25 anos com uma edição de luxo lançada pela Craft Records, selo especializado em reedições especiais.
Uma coisa que o R.E.M. sempre tomou cuidado foi com seu material de divulgação, principalmente com textos bem escritos. Dessa vez não foi diferente. E eu vou ter que pedir perdão aos leitores e fazer uma coisa que eu nunca achei que fosse fazer: copiar press-release. Mas este dos 25 anos de “Monster” está tão bem escrito que eu tive que abrir essa exceção e traduzir alguns trechos.
Não sei quem escreveu, por isso o crédito vai para o R.E.M. e para Craft Records. Começa abaixo, depois do vídeo com a versão remixada por Scott Litt para “What’s the Frequency Kenneth?”.
Quando “Monster” foi lançado em setembro de 1994, os integrantes do R.E.M. estavam numa encruzilhada em sua carreira. O vocalista Michael Stipe, o guitarrista Peter Buck, o baixista Mike Mills e o baterista Bill Berry ainda descomprimiam do enorme sucesso de crítica e vendas que foram “Out of Time” (1991) e “Automatic for the People” (1992).
Em apenas alguns anos, os losers de Athens se tornaram uma das maiores e mais conhecidas bandas do Mundo, graças a hits como “Losing My Religion”, “Man on the Moon” e “Everybody Hurts”. Também haviam se passado seis anos desde que o grupo havia feito sua última turnê. Quando as gravações de “Monster” começaram, eles estavam ansiosos para encerrar o hiato auto-imposto e voltar à estrada.
A banda também procurava uma mudança sonora. Enquanto os dois últimos álbuns estavam cheios de baladas, músicas acústicas e arranjos complicados, a banda estava pronta para gravar algo mais sombrio, ousado e fácil de executar no palco. Em suas anotações, (o jornalista Matthew) Perpetua escreveu que “Monster” “não tinha precedente no catálogo da banda”, acrescentando que o R.E.M. “nunca fora tão distorcido e sujo, tão glam ou tão provocante”. Buck lembra: “Estávamos tentando ser um banda diferente … queríamos fugir de nós mesmos.”
O grupo também se recuperava da estranheza que era ser celebridade, e muitas das músicas de “Monster” refletem isso. Matthew Perpetua observa: “Não há dúvida que os personagens de ‘Monster’ estão lidando com a obsessão de uma forma ou de outra, seja o narrador apaixonado de ‘Crush With Eyeliner’, o protagonista apaixonado de ‘Strange Currencies’ ou o supervilão fanfarrão de ‘I Took Your Name’. Por mais sombrio que seja o assunto, o R.E.M. ensopa as músicas com uma pitada de absurdo, ironia e uma piscadela de humor”.
Os destaques do álbum incluem o primeiro single encharcado de distorções, “What’s The Frequency, Kenneth?”, que expoe a farsa da mídia e do marketing que permeava a cultura pop da geração X, enquanto a cativante “Star 69” é uma história de detetive, baseada no serviço telefônico dos anos 90 com o mesmo nome (um precursor do BINA, o identificador de chamadas). O segundo single, “Bang and Blame”, traz Thurston Moore, do Sonic Youth, e a atriz Rain Phoenix – cujo irmão, River, havia falecido há pouco tempo e a quem “Monster” foi dedicado.
“Let Me In” é uma homenagem ao líder do Nirvana, Kurt Cobain, que havia morrido apenas alguns meses antes do lançamento do disco. Mills, que trocou o baixo pela guitarra na faixa, compartilha: “Foi a resposta catártica de Michael à perda de um amigo e de alguém com quem todos nos sentimos criativamente alinhados”.
A nova direção sonora da banda se provou um sucesso. “Monster” estreou em primeiro lugar na Billboard 200 e ganharia quatro vezes Platina nos EUA. A Rolling Stone elogiou: “A excepcional artesania pop do R.E.M., suas luminosas invenções melódicas, seu senso de missão – enfim, fundamentalmente tudo – ainda está lá e brilhando mais do que nunca… ‘Monster’ é um álbum que parece urgente, e é assim que deve ser”.
Após o lançamento, o R.E.M. embarcou numa turnê de um ano, lotando teatros e arenas ao redor do mundo. Embora tenha sido uma turnê comercialmente bem-sucedida, o grupo foi atormentado por problemas de saúde, afetando Stipe, Mills e Berry. A banda perseverou e até compôs músicas novas na fatídica turnê, gravando grande parte do álbum seguinte “New Adventures in Hi-Fi” (1996) na estrada.
Além de ter a chance de refletir sobre ‘Monster’, o R.E.M. também teve a oportunidade de revisitar o álbum de forma criativa com o produtor de longa data, Scott Litt. Litt, que sofreu com a mixagem original, lembra: “Eu havia dito à banda ao longo dos anos que, se houvesse a chance de remixar o álbum, que eu gostaria de fazê-lo.” Agora, 25 anos depois, ele refez.
Em algumas músicas, de acordo com o jornalista Matthew Perpetua, o trabalho de Litt apresenta “takes vocais totalmente diferentes e partes instrumentais que foram enterradas ou tiradas do mix original do álbum.” Mills acrescenta: “Acho que, ao ouví-lo ao longo dos anos, ele viu uma maneira diferente de ouvir essas músicas.”
E o texto do press-release termina aí.
“Monster 25” será lançado só no dia 1º de novembro. A caixa vem com 5 CDs e 1 Blu-Ray, incluindo a remixagem que Scott Litt fez, um CD de demos e faixas que não entraram no álbum, dois discos ao vivo e um blu-ray com áudio de alta resolução e vídeos. A caixa ainda virá com um livro de anotações do jornalista Matthew Perpetua, que é citado no texto acima (mas eu nunca ouvi falar). A lista completa das músicas é esta ali embaixo.
É claro que eu não vou comprar mas confesso que o texto me fez considerar o álbum um pouquinho melhor. Na época eu achava que essas guitarras eram apenas uma tentativa frustrada de soar grunge, tipo o “Titanomaquia” (putz, peguei pesado, podem zoar agora).
Fiquei impressionado com o texto e fiz esse top 10 ai embaixo. O R.E.M. merece mais do que apenas 10 músicas e isso foi só um exercício de concisão. Cada uma destas músicas me deixa emo de algum jeito. E não tem nenhuma do “Monster”.
DELUXE BOX SET
Disc 1 (CD) – Monster (Remastered)
What’s The Frequency, Kenneth?
Crush With Eyeliner
King Of Comedy
I Don’t Sleep, I Dream
Star 69
Strange Currencies
Tongue
Bang And Blame
I Took Your Name
Let Me In
Circus Envy
You
Disc 2 (CD) – Monster (Demos)
Pete’s Hit
Uptempo Mo Distortion
Uptempo Ricky
Harlan County with Whistling
Lost Song
AM Boo
Mike’s Gtr
Sputnik 1 Remix
Black Sky 4-14
Revolution 4-21
Rocker with vocal
Time Is On Mike’s Side
1Experiment 4-28 no vocal
Highland Fling 4-29
Cranky 4-29
Disc 3 (CD) – Monster (Remixed)
What’s The Frequency, Kenneth? (Remix)
Crush With Eyeliner (Remix)
King Of Comedy (Remix)
I Don’t Sleep, I Dream (Remix)
Star 69 (Remix)
Strange Currencies (Remix)
Tongue (Remix)
Bang And Blame (Remix)
I Took Your Name (Remix)
Let Me In (Remix)
Circus Envy (Remix)
You (Remix)
Disc 4 (CD) – Live in Chicago 6/3/95 – Monster 1995 Tour (Part One)
What’s The Frequency, Kenneth?
Circus Envy
Crush With Eyeliner
Near Wild Heaven
Welcome To The Occupation
Undertow
I Took Your Name
Strange Currencies
Me In Honey
Revolution
Tongue
Man On The Moon
Country Feedback
Monty Got A Raw Deal
Disc 5 (CD) – Live in Chicago 6/3/95 – Monster 1995 Tour (Part Two)
Losing My Religion
You
Departure
Orange Crush
Get Up
Star 69
Let Me In
Everybody Hurts
So. Central Rain (I’m Sorry)
Pop Song 89
Its The End Of The World As We Know It (And I Feel Fine)
Disc 6 (Blu-ray)
Monster – 5.1 Surround Sound
Monster – Hi-Resolution Audio
Road Movie (concert film)
What’s The Frequency, Kenneth? (music video)
Crush With Eyeliner (music video)
Star 69 (music video)
Strange Currencies (music video)
Tongue (music video)
Bang And Blame (music video)
CD DUPLO
Disc 1 – Monster (Remastered)
What’s The Frequency, Kenneth?
Crush With Eyeliner
King Of Comedy
I Don’t Sleep, I Dream
Star 69
Strange Currencies
Tongue
Bang And Blame
I Took Your Name
Let Me In
Circus Envy
You
Disc 2 – Monster (Remixed)
What’s The Frequency, Kenneth? (Remix)
Crush With Eyeliner (Remix)
King Of Comedy (Remix)
I Don’t Sleep, I Dream (Remix)
Star 69 (Remix)
Strange Currencies (Remix)
Tongue (Remix)
Bang And Blame (Remix)
I Took Your Name (Remix)
Let Me In (Remix)
Circus Envy (Remix)
You (Remix)
VINIL DUPLO
Side A – Monster (Remastered)
What’s The Frequency, Kenneth?
Crush With Eyeliner
King Of Comedy
I Don’t Sleep, I Dream
Star 69
Strange Currencies
Side B – Monster (Remastered)
Tongue
Bang And Blame
I Took Your Name
Let Me In
Circus Envy
You
Side C – Monster (Remixed)
What’s The Frequency, Kenneth? (Remix)
Crush With Eyeliner (Remix)
King Of Comedy (Remix)
I Don’t Sleep, I Dream (Remix)
Star 69 (Remix)
Strange Currencies (Remix)
Side D – Monster (Remixed)
Tongue (Remix)
Bang And Blame (Remix)
I Took Your Name (Remix)
Let Me In (Remix)
Circus Envy (Remix)
You (Remix)
VINIL SIMPLES
Side A – Monster (Remastered)
What’s The Frequency, Kenneth?
Crush With Eyeliner
King Of Comedy
I Don’t Sleep, I Dream
Star 69
Strange Currencies
Side B – Monster (Remastered)
Tongue
Bang And Blame
I Took Your Name
Let Me In
Circus Envy
You
ÁLBUM DIGITAL
Disc 1 – Monster (Remastered)*
What’s The Frequency, Kenneth?
Crush With Eyeliner
King Of Comedy
I Don’t Sleep, I Dream
Star 69
Strange Currencies
Tongue
Bang And Blame
I Took Your Name
Let Me In
Circus Envy
You
Disc 2 – Monster (Demos)
Pete’s Hit
Uptempo Mo Distortion
Uptempo Ricky
Harlan County with Whistling
Lost Song
AM Boo
Mike’s Gtr
Sputnik 1 Remix
Black Sky 4-14
Revolution 4-21
Rocker with vocal
Time Is On Mike’s Side
Experiment 4-28 no vocal
Highland Fling 4-29
Cranky 4-29
Disc 3– Monster (Remixed)*
What’s The Frequency, Kenneth? (Remix)
Crush With Eyeliner (Remix)
King Of Comedy (Remix)
I Don’t Sleep, I Dream (Remix)
Star 69 (Remix)
Strange Currencies (Remix)
Tongue (Remix)
Bang And Blame (Remix)
I Took Your Name (Remix)
Let Me In (Remix)
Circus Envy (Remix)
You (Remix)
Disc 4 – Live in Chicago 6/3/95 – Monster 1995 Tour
What’s The Frequency, Kenneth?
Circus Envy
Crush With Eyeliner
Near Wild Heaven
Welcome To The Occupation
Undertow
I Took Your Name
Strange Currencies
Me In Honey
Revolution
Tongue
Man On The Moon
Country Feedback
Monty Got A Raw Deal
Losing My Religion
You
Departure
Orange Crush
Get Up
Star 69
Let Me In
Everybody Hurts
So. Central Rain (I’m Sorry)
Pop Song 89
Its The End Of The World As We Know It (And I Feel Fine)
Ouça o "Monster" de novo
"Monster" do R.E.M. está completando 25 anos e a gente ficou emo ouvindo as músicas boas dos outros álbuns, não do "Monster"