Algiers – The Underside of Power (Matador)
Segundo álbum do quarteto de Atlanta poderia ser fabuloso mas é médio. Seguindo a linhagem de TV on the Radio, eles se sustentam no instrumental soul / gospel / pós-punk e no vozeirão de Franklin James Fisher, que pode ser comparado a Marvin Gaye . Das 11 faixas, três são fortes candidatas à playlist de melhores de 2017: “Cleveland”, “Animals” e a faixa título, que já tem videoclipe.
O disco começa muito bem com “Walk Like a Panther”: uma mistura de Birthday Party com batida no melhor estilo pancadão, é o twerk pós-punk. Pode assustar os incautos. Em dúvida? Pule pra segunda, “Cry of the Martyrs”. Daí já vai dar pra perceber que a voz do Franklin é algo a ser observado. E o instrumental pode seduzir fãs de Interpol, principalmente na metade final da música.
A faixa título, do clipe acima, tem um quê de northern soul, altamente dançante, com refrão e backing vocals, tipo a minha música favorita de todos os tempos, “The Night” do Frank Valli & The Four Seasons.
O disco dá uma caída a partir daí com algumas tentativas lentas e climáticas, para retomar em “Cleveland”, que começa como um Massive Attack liderado pelo vozeirão de Franklin. Nessa música, voltam elementos pancadônicos, meio twerk pra juventude soul. Fica uma mistureba bastante original! Não consigo imaginar essa música numa pista indie, seria desconcertante. A informação de que o baixista do Algiers é um ex Bloc Party (Matt Tong) talvez ajude a explicar.
Não prestei atenção nas letras mas li que a banda cutuca a ferida dessa guinada à direita conservadora que o mundo está dando: “Cleveland” cita a brutalidade da polícia, “Cry of the Martyrs” e “Animals” alertam para o crescimento do fascismo. Próximas audições serão com letras ao lado, precisamos de mais bandas assim!
A música mais acelerada e a 3ª mais bacana do disco é “Animals”, um Birthday Party com soul. O restante do disco não desaponta mas as surpresas acabam. Deve ser uma banda poderosa ao vivo, daquelas que James Brown ficaria feliz de berrar “Hit Me!”
Ouça Algiers se
segundo álbum do quarteto pantera negra de Atlanta, um disco indie-rock de misturas ousadas e muito soul.