Eles são de Liverpool e atualmente um quarteto. Tem 7 álbuns de estúdio lançados, todos pela Domino Recordings (tá, é a mesma do Franz Ferdinand). Eles acabaram de anunciar o lançamento de um novo álbum para o dia 10 de maio. “Wheeltappers and Shunters” será primeiro da banda depois de 7 anos.
O título foi tirado de um show de variedades da ITV (canal de TV aberta do Reino Unido) dos anos 1970 que mostrava os clubes de trabalhadores do Norte do país para um público, digamos, cosmopolita. Era quase como um programa para classe média britânica, pseudo-sofisticada, rindo da lower class. Uma variação do brasileiro “A Praça é Nossa”, vamos dizer.
“(O programa) é uma visão satírica da cultura britânica – alta e baixa“, explica Adrian Blackburn, fundador do Clinic. “Me intriga que as pessoas olhem para os anos 70 como os dias de glória. Eram dias obscuros”. Com pouco mais de 28 minutos, o álbum novo parece curto depois do longo hiato “Nós lançamos álbuns como um relógio a cada dois anos, então parecia natural fazer uma pausa“.
Nenhum dos discos da carreira do Clinic é de digestão fácil. Com músicas ancoradas em teclados e órgãos sessentosos, a banda cabe tanto dentro da prateleira da psicodelia como da do pós punk mais afiado. Sempre parecerá uma simplificação besta, mas como eu vivo para isso, diria que é um Flaming Lips da época de “In a Priest Driven Ambulance” muito melhorado e com o vocalista do The Fall. Ou então um Stereolab menos lounge; ou um Gang of Four com teclados mais cortantes que as guitarras do primeiro.
Eu posso ficar aqui inventando todas estas descrições ridículas para tentar te convencer a ouvir. Vamos simplificar – o que eu considero “hits”:
Se não te convenci, pode ir ler outra coisa.
Mas se você gostou, principalmente da 2º música, ela é do disco de mesmo nome, “Walking With Thee”, de 2002, que o selo Slag lançou no Brasil. Pedimos ao empreendedor Du Ramos para contar como foi licenciar esse disco para o Brasil e o porquê isso era importante.
Du Ramos: “O Clinic representa exatamente a transição do selo ‘Domino’ para o selo ‘DOMINO’. O primeiro selo era algo como uma Constantinopla de bandas americanas que encontravam neste porto seguro chamado Laurence Bell, uma planície para montar seu acampamento. O segundo virou a casa de Franz Ferdinand, Arctic Monkeys e… Bonde Do Rolê (pré-MBL), mas ainda não é hora de entrar neste assunto.
Este selo localizado em Wandsworth Town, mais precisamente Alma Road (um epicentro cósmico que também abrigava o Beggars Group), permitia que o incipiente indie brasileiro na figura de Rodrigo “Patrão” Lariú e Eduardo “Slag” Ramos, entrassem em suas premissas (leia-se uma porta de uma garagem) para conduzir negócios de tendências variadas.
Enquanto Lariú saiu do endereço com o inédito “Terror Twilight” do Pavement debaixo do seu braço, pronto para animar convescotes na Guanabara; Ramos, após o pagamento de vultosas 500 libras, saiu com o disco do Clinic na sua mochila. Voltando para o Brasil com sua licença, prensou o CD com o seu nome na contracapa! Índi(e)o Brasileiro!
Cláudia Assef gostou e publicou na Folha: 1X0. Bons tempos”.
Clinic anuncia 8º álbum e a gente tenta te convencer a conhecer a banda, que já teve disco lançado no Brasil