Meus festivais de cinema favoritos são o In-Edit e o Doc’n’Roll. O In-Edit é o mais famoso, criado em 2002 em Barcelona, hoje virou uma rede de quase 50 festivais ao redor do Mundo. A edição brasileira começou em 2009 e segue sendo realizada até hoje. Esta semana a 16ª edição do In-Edit aporta em Recife (PE).
Já o Doc’n’Roll acontece apenas no Reino Unido e Irlanda e acabou de anunciar sua 11ª edição. A listagem de documentários nestes dois festivais especializados está tão legal que a gente resolveu fazer uma lista de indicações.
O Doc’n’Roll acontece na última semana de Outubro até começo de Novembro com exibições espalhadas principalmente pelos cinemas independentes. Os destaques da programação deste anos, na minha opinião são estes:
It’s All Gonna Break / Broken Social Scene (2024) – dirigido por Stephen Chung, conta a estória do Broken Social Scene, desde seu começo em Toronto nos anos 2000. Não existe trailer ou mais informação a respeito, mas eu adoraria assistir.
Midnight Oil: The Hardest Line (2024) – conta a estória da banda australiana e suas inúmeras lutas e posicionamento político coerente em 45 anos de carreira. E claro inclui hits como “Beds are Burning” e “Blue Sky Mine”. No Brasil, pelo menos no Rio de Janeiro, o Midnight Oil ganhou a simplificação de surf music quando na verdade sempre foi muito mais do que isso.
Teaches of Peaches (2022) – filmado durante a turnê de reunião de 2022, o doc reconta a estória da canadense Merrill Nisker, aka Peaches, e a sua batalha para trazer para o mainstream assuntos como feminismo, igualdade de gênero e direitos LGBT. O documentário dirigido pelos alemães Philipp Fussenegger e Judy Landkammer, traz depoimentos da Feist, Shirley Manson e Chilly Gonzalez. Veja o trailer no YouTube porque são muitas cenas 18+.
Devo (2024) – dirigido por Chris Smith, o mesmo dos documentários “Wham!” e do infâme festival “Fyre”, DEVO traz arquivos nunca vistos e entrevistas com os irmãos e integrantes originais Mark e Bob Mothersbaugh, além de Jerry Casale. O conceito de “De-Evolution” cultural da banda é mostrado desde a criação em 1973 até hoje, passando pelo relativo o sucesso no auge do consumismo dos anos 80.
Since Yesterday: The Untold Story of Scotland’s Girl Bands (2024) – o título já é auto-explicativo mas eu fiquei curioso de saber quais eram as bandas. Uma rápida pesquisa na internet me trouxe essa lista: The Mckinleys, The Ettes, Strawberry Switchblade, The Twinsets, Sunset Gun, His Latest Flame, Sophisticated Boom Boom, Hello Skinny, Lung Leg, Melody Dog, Sally Skull, The Hedrons, Carla J. Easton. Ou seja, exceto por Strawberry Switchblade, eu não conheço nenhuma. Mas assistindo ao trailer, fiquei muito interessado.
Born to be Wild – The Story of Steppenwolf (2024): aquele riff de guitarra, o filme “Easy Rider” e heavy metal. É isso que me vem a cabeça quando penso nos canadenses Steppenwolf. Mas esse pequeno trailer já me deixou muito curioso.
Pauline Black: a 2-Tone Story (2024) – conta a estória de Pauline Black, vocalista da banda The Selecter e sua estória contra o racismo e o chauvinismo na Inglaterra dos anos 1980. Com depoimentos de Don Letts, Skin, Damon Albarn, Sonia Boyce, Jools Holland entre outros.
S/he is Still Her/e – The Official Genesis P-orrridge doc (2024) – segundo a sinopse, uma biografia intimista e autorizada do músico, poeta, ativista e fundador do Throbbing Gristle e Psychic TV falecido em 2020.
Além destes destaques, o Doc’n’Roll deste ano terá ainda documentários sobre os Black Keys e as Lunachicks. Mais na página do festival, que também tem um belo diretório de documentários para assistir na Doc’n’Roll TV, a maioria deles via aluguel pago no Vimeo.
Já o In-Edit 2024, depois de passar por São Paulo e São Carlos, chega em Recife entre 18 e 26 de Setembro. A programação completa está aqui e estes são os meus destaques:
Black Future: Eu Sou o Rio (2023): dirigido pelo guerreiro Paulo Severo em 2008, este documentário descrito como um “video-vintage” por seu diretor, conta a estória da banda carioca Black Future, surgida nos anos 80 na capital fluminense, com um álbum lançado em 1988 e até hoje cultuada. Depoimentos antigos mas ainda muito importantes de gente como Marcelo D2, Arthur Dapieve, Alex Antunes (Akira S. e as Garotas que Erraram), Charles Gavin (Titãs) e outros. Severo, o diretor, foi o responsável também por videoclipes de várias bandas underground cariocas como Second Come e Drivellers.
Black Rio! Black Power! (2024): filme de Emílio Domingos (L.AP.A.; Viajando com os Gil, Anitta: Made in Honório) sobre o movimento dos bailes black do Rio de Janeiro dos anos 1970 e a luta política contra discriminação racial, numa época de Ditadura Militar. Esse documentário é essencial para aqueles que ainda acham que música não se mistura com política.
Let’s Get Lost (1988): um filme do fotógrafo (e diretor de videoclipes) Bruce Weber sobre a vida de Chet Baker. Meu interesse por Jazz é zero mas as imagens de Weber valem o filme.
Peter Doherty: Stranger In My Own Skin (2023) – conta a estória do líder e vocalista do Libertines, seus problemas com drogas e blá-blá-blá. Poderia ser uma típica estória clichê do rock mas neste caso as imagens foram captadas pela diretora Katia De Vidas, que também é a esposa de Pete. Muito mais humano.
The Stones and Brian Jones (2023): dirigido por Nick Broomfield, o mesmo diretor de “Marianne & Leonard: Words of Love” e “Kurt & Courtney”, reflete sobre a importância do fundador e ex-guitarrista dos Rolling Stones, Brian Jones.