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my bloody Valentine ao vivo: a tênue distorção entre sonho e realidade

Rodrigo Lariú 12 jul 2018 Lançamentos e Resenhas Comentários desativados em my bloody Valentine ao vivo: a tênue distorção entre sonho e realidade 1878 Visualizações

Hoje tem show do my bloody Valentine.

Meu primeiro show do MBV, nome que está sempre na ponta da língua quando me perguntam qual minha banda favorita. Ingressos na mão, antecipação: “Quais músicas eles vão tocar?” Faz tempo que Kevin Shields (guitarra e voz), Bilinda Butcher (guitarra e voz), Debbie Googe (baixo) e Colm Ó Ciósóig (bateria) não sobem ao palco, o último show deve ter acontecido há quase dois anos.

A noite é especial. Robert Smith, do The Cure, foi convocado pelo Southbank, um centro cultural londrino, para ser o curador do Meltdown, festival que acontece há 25 anos onde artistas são convidados a escalar os shows. E Smith chamou os irlandeses, sabidamente uma de suas bandas favoritas.

É sábado e o verão europeu deste ano está gloriosamente fora dos padrões, com dias ensolarados e noites quentes para os padrões britânicos: 24º.

O show está marcado para 21h30, o que significa que do lado de fora ainda estará claro. Sair de casa às 17h te deixa com a impressão de que você está indo ao parque mas não ao show do my bloody Valentine.  A pergunta “Com que roupa eu vou” deixou de ser uma preocupação. Não vejo mais necessidade de me afirmar, de mandar sinais do tipo “Ei, olha para mim, eu também gosto do Loop, por isso estou usando esta camisa.”

Me lembro que em 1990 fui ver Jesus & Mary Chain no Canecão (RJ). No dia do show, toda uma preparação, ouvindo as fitinhas que eu havia compilado. Tinha 17 anos, não existia Facebook nem Spotify. Não existia celular. Ficava imaginando que as pessoas que estariam no Canecão aquela noite seriam meus pares, um monte de gente que eu não conhecia. Finalmente encontraria minha “turma”.

Eu fui com meus melhores amigos, todos de Niterói: Bia​, Cadu​ e minha irmã, ou seja, 3/4 das Drivellers; a irmã da Bia, Mônica, o namorado da minha irmã, Leandro (Squonks)… E também o Colares (Cigarettes), o Yan Boechat e meu primo Guilherme, todos de Itaperuna, interior do estado, os três com provavelmente 7h de ônibus nas costas só para ver Jesus.

Quem perderia esse show? Naquela época o mundo se dividia entre estar lá ou não.

Aquela sexta feira em 1990 se arrastava. “Aonde nos encontramos?“, “Quantas horas antes temos que sair de Niterói para pegar o 996 a tempo?“. Não havia whatsapp. Ir para o my bloody Valentine não tem erro: entro no Google Maps, ou chamo um Uber e vou estar lá na hora que o aplicativo calcular. No máximo você vai ficar furioso ao descobrir que o ônibus vai demorar exatos 3 minutos para chegar. Não me lembro mais qual foi a eternidade que o 996 demorou mas curiosamente eu estava mais feliz.

a foto de Jim Reid em 1990 na Olympus Trip 35

Em 1990 alguém levou uma Olympus Trip 35 escondida para fotografar o show. O midsummer madness existia como fanzine há um ano e o show do Jesus certamente seria pauta. Naquela época eu não podia imaginar que existiria um dispositivo de bolso que é ao mesmo tempo telefone, máquina fotográfica (sem filme!!!), walkman (sem fita cassete!!!) e filmadora. E que todos ao meu lado teriam este dispositivo e o mesmo ímpeto de registrar aquele momento, coisa que em 1990 só eu, que tinha um fanzine, achava necessário.

Em 1990 dava para comprar o “Darklands” e o “Isn’t Anything” na Mesbla, loja de departamentos que ficava em frente a Estação das Barcas. O my bloody Valentine, mal sabia eu, estava começando a gravar seu clássico absoluto, “Loveless”. E hoje eu veria pela primeira vez estas pessoas que, se não fosse pelas fotos, eu jamais diria que são de carne e osso.

O Southbank está lotado, os ingleses bebem sem parar, educadamente, comprando seus pints em fila, dois ou três copos de meio-litro de uma vez. Aqui eles não esquentam se a cerveja vai esquentar. O lugar do show é um teatro enorme chamado Royal Festival Hall, para 2500 pessoas. Eu e a Tati descobrimos que nossos lugares, os mais baratinhos, são láaaaa em cima, no poleiro. Quem já foi no Teatro Municipal do Rio ou de São Paulo entende o conceito. Nossa amiga Carin está com a gente e teve mais sorte: comprou ingressos de última hora que a deixaram sentada no nível do palco, a uns 50 metros da banda.

às vezes umas luzes acendiam espalhadas pelo palco.

Quando eu entrei no Canecão senti um arrepio: tudo escuro, lugar lotado de pessoas que gostavam das mesmas coisas que eu. Parecia que eu estava entrando numa festa, daquelas que você sai de casa desejando e morre de felicidade quando se confirma.

“A noite vai ser boa“, como já dizia o niteroiense Cláudio Zoli.

Fui me embrenhando no meio das pessoas, precisava ficar o mais perto possível dos Reid. Não fiquei colado ao palco mas dava pra ver em detalhes que aquela roupa e aquele cabelo do William não daria certo se ele vivesse no Rio de Janeiro.

Sempre achei que a graça de gostar de my bloody Valentine e Jesus & Mary Chain mas morar no Rio de Janeiro era que eu poderia ouvir “You Made Me Realise” e “Some Candy Talking” na praia e os ingleses não. Duas coisas que eu amo, praia e barulho. Eu tenho. Eles não.

não há qualquer efeito na foto. A distância do palco fez a foto ficar assim. O my bloody Valentine para mim continuou essa imagem difusa que sempre associei à banda

Mas eles já viram my bloody Valentine quinhentas vezes. Eu não.

Sentado lá em cima, rodeado de pessoas com seus 40, 50 anos, vendo seu décimo-quinto show do MBV não foi exatamente o que eu imaginava como “a noite vai ser boa“. Pensando pelo lado positivo, vai ser bom poder ver o show sentado, vou poder prestar a atenção em tudo (#SQN).

Eu disse ver o show sentado? Sim… sentado.

Tudo bem, vai. Já tem uma banda tocando, chama The Soft Moon, uma coisa meio Nine Inch Nails, Sisters of Mercy com percussão de lata. Bacana, é a cara do Robert Smith. E porra, abrindo pro MBV…

Pontualmente às 21h30 os quatro entram no palco. A quantidade de equipamentos é absurda. Uma parede de amplificadores de guitarra do lado direito, onde fica Kevin Shields, está curiosamente virada para a lateral do teatro. Uma escadinha de pedais ao centro para que Debbie brinque com seu baixo. Bilinda, linda, é a mais discreta, usa apenas (!!)  cinco amplificadores e poucos pedais.

Um telão preenche todo fundo do enorme teatro. Tudo fica escuro. De repente um estrondo de som e luz explode do palco, com o choro dos dedilhados de “I Only Said”… é um momento de realização.

Eu estou vendo my bloody Valentine e eles são especiais.

A experiência física da potência do som faz todo sentido. É como se eles dissessem “vamos te tirar deste mundo usando essas ondas sonoras“. A Bilinda está de longo preto brilhante, salto alto, e da distância que eu vejo, eles continuam parecendo seres de outro planeta. Ela sussura letras que eu nunca entendi e nunca fiz questão de entender.

Quando você começa a achar que tudo bem manter essa distância dos seus ídolos, outra explosão ecoa do palco: “When You Sleep” e a distorção das guitarras batendo no seu estômago. Colm tocando como se tivesse 20 anos de idade. É assustador.

“Puta merda, eu não posso me levantar”. Mas eu queria tanto estar na frente do palco, sacudindo a cabeça, com pés imóveis  para perder contato com a realidade. E as pessoas do meu lado estariam dançando igual. Os problemas do Mundo desapareceriam.

Em 1990 eu sabia mais do que o próprio Jesus & Mary Chain o que eles estariam tocando. Eram poucos discos para você chamar de favoritos, poucos discos para você saber cada mínimo detalhe. O show do my bloody Valentine teve 19 músicas e algumas eu simplesmente não consegui identificar porque minha cabeça ficou preguiçosa e hoje temos setlist.fm para nos lembrar depois.

Mas, de qualquer forma, não é justo com um fã quando você engata “You Never Should” com “Honey Power” e “Cigarette On Your Bed”. Desejei estar na Guetto com 20 anos a menos, dançando no escuro, de olhos fechados, numa pista cheia (ou vazia, o que parece mais provável com essa sequência. Só eu e o Sol na pista e o Gordinho colocando som). O som seria o mesmo. Como eles conseguem? É perfeito porque é potente, é violento e ensurdecedoramente alto. Mas ao mesmo tempo não parece playback como o Pixies.

“Honey Power” é uma das minhas músicas favoritas do my bloody Valentine e eles confirmam. O telão atrás explode em cores que lembram Basquiat, a distorção das guitarras tremulam no meio dum filme psicodélico que acontece ali, alguns metros abaixo. A distância do palco me deixou com essa impressão de ver um filme. A Bilinda sussura no meio daquela maçaroca de melodias, sem que a rapidez da bateria esmoreça. É futurismo puro, pop-art, punk rock tudo ao mesmo tempo.


Não me lembro bem, mas em duas ou três músicas eles erram. Param e começam de novo. “Come in Alone” vem antes de “Only Shallow” e de novo são pequenos Big Bangs que acontecem ali diante de seus olhos.

Consigo imaginar (pois não consigo ver) o olhar perdido, a boca semi aberta de Colm no clipe de “Only Shallow” quando ele espanca a bateria com ternura. Parece raiva mas não é.

E são exatamente as 4 batidas na caixa que vem seguidas da tsunami de efeitos da guitarra de Kevin que trazem a revelação: tenho 45 anos, o estrobo não está me cegando na pista escura e a vida podia ser muito melhor se o my bloody Valentine te tirasse para dançar mais vezes. Essa linha tênue entre o sonho e a realidade toda vez que uma música deles começa.

O pessoal lá embaixo se levanta e vai pra perto do palco. Kevin e Bilinda não se movem: shoegazing. Debbie toca como se fosse do Slayer. No meu poleiro ninguém se levanta. E eu penso nos problemas da vida. Às vezes eu engulo o choro quando uma música que eu gosto muito começa a tocar e os quatro te puxam para dentro deste vórtice maluco com “What You Want”.

What I do I say
But I can’t get far away
Oh, I go back to
A memory again
What you want
But you know that I’m alive
Then I’ll go back to you
Don’t you know (what I) feel inside

Eu poderia viver nessas ondas que eles criam. Uma tecladista que eu não sei quem é, se faz presente nessa hora, dando aquele tom doce que você ouve por cima das camadas de guitarra de “What You Want”. “Nothing Much to Loose” e o Colm continua a surpreender pelas viradas de bateria da música, sempre certeiras.

O show parece que se encaminha pro fim com “To Here Knows When” e “Slow”. Mas dai fica tudo escuro de novo.

Pessoas berram no teatro.

Um sampler de virada de caixa arrastado sai das caixas de som, as batidas dançantes de “Soon” puxadas por Colm precedem os sussuros de Kevin e Bilinda.

“Alguém me tira daqui de cima?”

Eu queria muito poder dizer que este é o melhor show da minha vida. Mas não. O problema talvez não esteja no show em si mas na vida. O my bloody Valentine não decepciona cada vez que Kevin espalha a palheta pelas cordas e pisa nos pedais nessa música que não devia acabar nunca.

Eu queria viver dentro de “Soon”, rebolando o esqueleto e planando.

Eles não saem do palco. Falta terminar com a mitológica sequência de “Feed Me With Your Kiss” e “You Made Me Realise” com seus váaaaarios minutos de distorção. Todos estão de pé desde “Soon”. Dentro de seus quadrados. A moça na minha frente dança durante os minutos de distorção de “You Made Me Realise”.

“Será que ninguém avisou pra ela?”

“Como será que eles acham o ponto para sair deste redemoinho de barulho?” Seria ótimo saber como você sai dessa confusão. Ou não. Dá pra morar ai dentro.

Kevin tira os olhos de seus pedais depois de uns bons 12 minutos, se vira para Colm e Debbie e eles voltam, violentos, barulhentos, perfeitos. Boa noite. Saem do palco. As luzes do teatro se acendem.

Perai? Eu estou aqui mesmo? 2018? Cadê o Sol, a Bia, o Cadu, o Gustavo? Não estou bêbado? Deveria estar mais feliz mas não estou. Triste não é a palavra. Obrigado pelo toque my bloody Valentine.

 

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jesus and mary chain my bloody valentine 2018-07-12
Rodrigo Lariú
Tags jesus and mary chain my bloody valentine

Autores

Autor: Rodrigo Lariú
começou a fazer o midsummer madness em 1989, deu um tempo e voltou a fanzinar. Adora documentários, história, aviação comercial antiga, trabalha em televisão e em produtoras, vascaíno praticante.
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Altos e baixos: Breeders e Goon Sax ao vivo

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Criado no inverno carioca de 1989, o fanzine midsummer madness teve 9 ou 10 edições impressas. Em 1994 se transmutou na gravadora independente de mesmo nome - saiba mais em mmrecords.com.br Atualmente é tudo isso e um pouco mais, com a ajuda de amigos.
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