A ideia inicial da mm Indieca (lê-se mm indica) é que ela fosse uma playlist mensal. Mas não tá rolando. Falta tempo para escutar tanta coisa.
Some a isso a descoberta de uma nova plataforma para conhecer bandas fora do esquemão (leia sobre aqui). Então o 3º volume da mm Indieca chega com mais bandas (as anteriores mm Indieca Volume 1 e mm Indieca Volume 2, tinham 20 músicas) e menos texto.
Importante frisar que algumas bandas vieram via Submit Hub, um site onde artistas podem pagar pelo feedback do blog. Que fique claro que os artistas pagam para que eu escute, não para que eu goste. Então, as bandas do Submit Hub (Ben Talmi, Edwin, The Roves, Wieuca, Wsabi Fox, Des Rocs, The Molochs, Fanclub, The Doobs, Luke Top, The Wit, Vacation Forever, Olwh, Film Days e Modern Leisure) são algumas das que eu gostei num universo de mais de 500 artistas.
Vamos à playlist e informações curtas sobre cada um delas
Goat Girl são 4 meninas londrinas (foto lá de cima) que acabaram de lançar seu álbum de estreia com 19 músicas pela Rough Trade. Pense no college rock norte americano de Throwing Muses e Come, ou num Sleater Kinney menos punk. O mais legal é o posicionamento questionador das letras sobre sobre sexo, religião, Brexit…
Também lançado pela Rough Trade, outro disco de estreia é “Dear Someone Happy Something” das Honey Hahs. Formada pelas irmãs Rowan, Robin e Sylvie, respectivamente de 16, 13 e 12 anos, esse primeiro disco foi produzido por Steve Mackey, guitarrista do Pulp. O mais bacana dessa música “Stop Him!” é a letra, dedicada ao Presidente Trump.
Mais um álbum de estreia. Phantastic Ferniture é australiano e deve agradar quem gosta de Cat Power e Lemonheads. Em seguida, o primeiro artista que chegou via Submit Hub, Ben Talmi, que aparentemente corre por fora do radar da imprensa musical esquematizada. Seu 2º álbum “Distractionism” é um prato cheio para quem gosta de Josh Rouse, Camera Obscura, Postal Service, enfim, daquele indie-pop fofo, que você dança animado batendo palminha. Ben é de Pittsfield (MA), também é produtor e já trabalhou com Manchester Orchestra, Tokyo Police Club, Wild Nothing entre outros.
Outra banda que chegou via Submit Hub foi a Edwin. Formada pelos irmãos Jacob e Matthew Boll, de Chicago, esta música faz parte do 2º EP da banda, “You Have No Idea, Man” produzido por Sean Carey, do Bon Iver. O clima rural se apresenta logo de cara, na melodia muita parecida com “My Sweet Lord” (George Harrison). Em seguida, trabalho novo dos suecos Dungen, dessa vez em parceria com a banda norte americana Woods. O mini-álbum “Myths 3” é resultado de uma imersão em estúdio promovida pela gravadora Mexican Summer, que junta duas bandas do seu cast para gravarem juntos. Psicodelia sob o sol texano.
A única cover dessa playlist é “Sugar Sugar”, do The Archies, tocada pelo Cornershop. Pois é, a banda não acabou, pelo contrário, em 2009 o Cornershop abriu o próprio selo, Ample Play, e continua lançando bons discos. Também de Londres e lançando seu 1º disco, o quarteto The Roves deve agradar com suas guitarras limpas e vocal 60’s. The Wit é sueco, nasceu em 2009. Essa música é do 2º disco da banda, que começou a ser gravado em 2011 mas só foi finalizado em 2016. A banda relata que o hiato aconteceu por causa de “circunstâncias trágicas”. Indie sueco.
Dai tem uma sequência de bandas influenciadas pelo punk e pós-punk: Lithics vem de Portland (OR) e lembra Slits, Au Pairs. Acabaram de lançar o segundo álbum, “Mating Surfaces“. Depois tem Idles, de Bristol (GB), que lançou em 2017 seu álbum de estreia, “Brutalism“. A letra é ótima: “a melhor maneira de assustar um torie (conservador britânico) é ler e ficar rico“.
Ainda no mesmo ritmo, os irlandeses Fontaines D.C., com jeitão de Fall e Pogues. Completando a sequência estranhona, Wsabi Fox, projeto musical da artista performática Jennae Santos, para fãs de Yeah Yeah Yeahs e Kate Bush. Fecha com o misterioso Des Rocs, de Nova Iorque, com uma música capaz de deixar felizes fãs de Jon Spencer Blues Explosion.
Wieuca vem da mesma cidade do R.E.M. (Athens) e faz uma curva do punk para o psicodélico garageiro, com influências subliminares de Pavement e Wilco. Seguindo na linha psicodélica, The Molochs, de Los Angeles, com uma música que vai estar no 2º álbum da banda, “Flowers in the Spring“, a ser lançado dia 07 de setembro. Boa vibe de Stone Roses e Charlatans no Molochs. Dai a gente segue pro Fanclub, de Austin (TX), com uma deliciosa mistura de fofura tipo Yo La Tengo, bateria eletrônica tipo Radio Dept e uma voz docinha.
Se vocês lerem este texto sobre o Goon Sax, da Austrália, devem imaginar que eu desisti da banda. Mas não. A mistura de Beat Happening com Go Betweens e letras nerds me encanta terrivelmente. Essa música é do 2º álbum, “We’re Not Talking” que está a caminho. Mantendo o lo-fi introvertido, The Doobs vem do quarto de Tyler Ruyle, de Pomona (CA). Com influências de Modest Mouse, o modus operandi do Beat Happening e um jeito largadão do Pavement, “Surf Song” traz até um descompasso da guitarra em 01:24, que deixa tudo mais charmoso. Na sequência, o pai destas duas bandas: Calvin Johnson, fundador do Beat Happening e capo da K Records. Depois do Dub Narcotic do ano passado, Calvin promete material solo novo para breve.
Luke Top era o vocalista da Fool’s Gold , lançou seu 1º álbum solo “Suspect Highs” (2016) e agora prepara o EP com 5 músicas “The Dumb-Show” que vai ser lançado em outubro. Psicodelia que segue turbinada por guitarras shoegaze do Basement Revolver, de Ontario (Canadá). Lembranças de Drop Nineteens e Hatchie.
E a playlist caminha pro final com Mein, banda formada por integrantes do The Horrors, The Black Angels, Elephant Stone e The Earlies. O instrumental metronômico do kraut rock está lá. Depois, o Vacation Forever, que é o projeto solo de Zacharias Zachrisson, irmão da cantora pop Lykke Li. Essa é uma das músicas mais Spacemen 3 da playlist e, segundo Zach, traz um sample de “Sangue Latino” do Secos & Molhados. Vocês perceberam?
OLWH é a abreviação para Only Losers Win Happily, projeto do inglês Kevin Beyioku, que mistura jazz, indie rock e música eletrônica. PRAM lançou disco novo depois de 11 anos: “Across the Meridian”. Continua aquela bela estranheza, de músicas que parecem sair de filme noir francês. Film Days é da Philadelphia e tem apenas três singles nesse mesmo clima do Pram. Modern Leisure é do Colorado e está lançando seu 1º disco, “Super Sad Rom-Com” e tem uma carinha de Primal Scream de várias fases. E fechamos com o excelente álbum de Daniel Avery, DJ e produtor de música eletrônica, que lançou “Song for Alpha”, seu segundo disco. Um bela mistura de deep-house com ambient, no estilão das faixas eletrônicas do “Souvlaki” do Slowdive.
Espero que vocês gostem. Tem um monte de banda que vocês não ver no blogs indies famosos. Seria muito bom saber qual delas vocês mais gostaram e querem saber mais. É assim que a roda gira.