Vanessa Simões, a.k.a. Maripool, tem 25 anos, nasceu em Lisboa e desde 2013 vive em Londres. No começo de 2018 ela lançou “Adult Weakness”, suas primeiras músicas gravadas em casa, sem banda (antes tocava numa banda chamada Spring Skipper).
De voz delicada, com climas que lembram Durutti Column, Felt e coisas lofi como Orchids e Pastels, Vanessa gravou tudo sozinha em seu quarto, em 2017. Lançado no Bandcamp em 2018, “Adult Weakness” saiu também em fita cassete acompanhada de um fanzine. Estudante de fotografia, o zine serviu como uma espécie de diário, uma forma registrar os assuntos e as pessoas para além das músicas.
Vanessa chegou em Londres com apenas 19 anos, veio em busca da diversidade musical, da oportunidade de ir toda hora a shows que nunca chegavam em Portugal. As primeiras músicas foram gravadas quando ela morava em cima de um Pub, numa casa com outras 11 pessoas, todos envolvidos com música. Como tinha todo os equipamentos necessários, resolveu gravar em casa em vez de ir para um estúdio.
“Adult Weakness fala sobre tornar me adulta quando ainda me sinto uma adolescente. Sobre lidar com a morte e perceber que a ideia que tinha do que ia ser a minha vida quando fosse ‘adulta’ é bastante diferente da realidade“. Quem nunca, Vanessa? Eu também: achava que teria uma vida tranquila, sem preocupações, lançando mil bandas, vendo zilhões de shows, viajando todo mês… As músicas da Maripool tem essa conexão, estas divagações de todos nós.
Pouco mais de um ano depois, o segundo EP “I See Everything I Know Nothing” saiu menos programado. Segundo Vanessa, as primeiras músicas, “Home” e “Someone” foram compostas às pressas para um show em Lisboa, e as outras duas “Hit or Miss” e “Alone”, foram escritas numa mesma noite de verāo, num armazém antigo em Lisboa.
A última foi “Waiting”, que Vanessa encontrou em demos de 2016. “A guitarra que agora é a intro da música é da gravação de 2016. Gravei o resto e a música completou-se quase sozinha, foi até agora a que saiu com mais facilidade e a que mais gostei de fazer“.
Lançado no mesmo esquema digital & cassete/zine, “I See Everything I Know Nothing” foi gravado em estúdio, com ajuda na produção de Euan Hinshelwood (que toca na banda Younghusband). “Achei que precisava de uma evoluçao em relação ao som lo-fi do primeiro (EP). Eu queria que o segundo fosse gravado em reel to reel em vez de cassettes e eu sabia que esse equipamento só encontraria num estúdio analógico”. O resultado é um EP mais bem acabado mas não menos sutil, e ainda um perfeito bedroom-pop.
Maripool, que veio para assistir shows, agora tem se apresentado em pequenos pubs londrinos, acompanhada por uma banda. “Eu achei honestamente que nāo estaria a fazer tantos concertos como estou a fazer neste momento por isso estou bastante feliz“.
Fã de Leonard Cohen, Duster e Sonic Youth, Vanessa tem a mesma resposta das bandas brasileiras sobre a opção pela língua inglesa: “É o mais natural, os músicos que me inspiram cantam todos em inglês. Mas acho que tambem é porque vivo em Londres. Cantar em português é algo que definitivamente gostaria de apostar no futuro“, diz citando a portuguesa Primeira Dama como uma influência da terra natal.
Música brasileira? Não conhece e, como a maioria dos europeus, tudo o que ela conhece é bossa nova. “Em Portugal, quando era mais nova, ouvia se bastante nas rádios. Agora, tem um feeling nostálgico“. Agora me diga se não há um quê de Nara Leão indie na Maripool?
(foto Maripool por Lola Swan)
Ouça Maripool se
A lusitana Vanessa se mudou para Londres para ver shows mas acabou montando seu projeto lo-fi-bedroom-pop Maripool e vem tocando pela capital.