Vamos direto ao ponto: você espera pegar um disco do Jesus and Mary Chain e ouvir algo além de três acordes, os vocais quase sussurrados do Jim Reid e distorção? Não, né? Tirando um pouco do último item, o resto tá todo lá em “Damage and Joy“, o mais novo dos caras desde “Munki”, de 1998.
“Amputation”, o primeiro single, poderia muito bem estar ali, “escondidinha” no meio do álbum “Honey’s Dead”. Parece que era uma música solo do Jim, mas e daí? Abre bem o disco com aqueles versos a lá JAMC: I’m a rock’n’roll amputation, com aquele “sofrimento” no vocal, quase como um favor pra quem ouve.
Mas se você quer uma parede de distorção, esqueça. Os caras envelheceram. Isso tava evidente em “Munki” e aqui, por incrível que pareça, a guitarra tá por baixo do resto. Talvez a grande falha da produção do disco que ficou a cargo de Youth (algo paradoxal, né?). “Facing up to the Facts” bem que merecia um esporro maior.
Há muitos momentos bons no disco. “Always Sad”, por exemplo é irmã mais “sossegada” de “Something I Can Never Have”. “Song for A Secret” vai pelo mesmo caminho, devendo uns bons pints pra “Sometimes Always”. Antes que você reclame, quando você ouve um disco dos Ramones tem essa sensação também. E tem “Get on Home”, minha preferida: baixo distorcido e bateria eletrônica, progressão à la William Reid. Bem como o Black Rebel Motorcycle Club aprendeu.
É um grande disco? Não. É um bom disco. É mais anos 60, e menos 90’s. Um pouco longo, talvez. Mas, levando em consideração as decepções que foram os novos do Pixies e do Blur, “Damage and Joy” cai bem. Mas só se você não quiser ouvir “algo novo” do Jesus and Mary Chain.
Sétimo álbum dos irmãos Reid, produzido por Youth (Killing Joke) poderia ser mais barulhento. Mas ainda assim, é um ótimo disco na opinião de Luiz