“Song For Alpha”, recente álbum do produtor e DJ inglês Daniel Avery, é um daqueles discos que imediatamente nos transportam de volta para a metade dos anos 90, com texturas e construções melódicas minimalistas que remetem a grandes nomes da ambient music e do IDM, classificação que deram ao som produzido por muitos artistas da gravadora Warp e adjacências.
É menos direto ao ponto que seu álbum de estreia de 2013, “Drone Logic”, e por isso talvez bem mais interessante. O novo trabalho é claramente influenciado por artistas como Brian Eno, Aphex Twin, Plastikman/FUSE, a série Artificial Intelligence, da Warp Records, e também, pasmem, o noise de bandas como My Bloody Valentine e Slowdive.
Depois de anos como DJ, Avery classifica como “música psicodélica” as faixas que produz para o disco. “É uma música em que você pode se perder de verdade“, disse Avery. “Há momentos em que você fecha os olhos e tudo o mais parece irrelevante“, completou. No disco, em vez de rejeitar a cultura do club, o som é um meio de romantizá-lo. É obscuro e eufórico. “Song For Alpha” sugere que Avery ainda ama sua “vida transitória passada entre clubs, vôos, assentos de passageiros de carros e quartos de hotel“, embora talvez de uma maneira diferente de quando ele começou.
O termo “psicodélico” realmente pode se aplicar ao techno hipnótico forjado por Avery. Há momentos de interlúdio com paisagens sonoras que remetem a um techno quase esquecido. Há também uma linha tênue entre o hipnotismo e a fórmula “pista de club”. Ele não tem medo de não ser pop e muito menos de não ser 100% óbvio e dançante.
Todas as faixas são construídas com lindos acordes e melodias, que dão vida aos arranjos cinzentos, recheados algumas vezes por doses de melancolia. “Song for Alpha” é um disco que resgata e, ao mesmo tempo ultrapassa as fronteiras sonoras entre eletrônica e indie rock dos 90. É um disco que merece ser ouvido de uma tacada só.
por Giulliano Fernandez
(ou DJ Hopper – Giulliano também é guitarrista e vocalista da Low Dream)
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Novo disco do produtor e DJ britânico Daniel Avery em análise feita por ninguém menos que DJ Hopper