Wilson Hernandez (26) era apaixonado por uma menina que jogava tênis. Quando resolveu gravar suas músicas, o nome natural da banda foi Tennis Club.
Ele acabou de lançar um mini-LP apaixonante pelo selo espanhol Elefant Records, celeiro de bandas twee, power-pop do Mundo inteiro.
“Pink” dura um pouco mais que 20 minutos e rivaliza com bons discos do Beat Happening, Black Tambourine e Vaselines. Gravado na pequena Joplin (EUA), o Salvadorenho conheceu a baixista Tehya Deardorff (22) e o baterista Sean O’Dell (23) quando ainda estava na escola, anos atrás, numa cidade próxima chamada Carthage.
Para te localizar, todas estas cidadezinhas ficam próximas ao Cinturão das Tempestades de Areia que a gente mencionou neste artigo.
Vivendo no desolado Meio-Oeste Norte Americano, Wilson descreve o Tennis Club como surf-pop, lofi-garage.
Lofi-garage ok, mas surf-pop? “Não existe praia por perto… mas nós adoramos música dos anos 60. Eu morei na Califórnia até meus 13 anos, então acho que podemos nos descrever assim“.
Produzido pelo baterista, “Pink” foi lançado pela Elefant depois de um simples email. Uma tiragem limitada em vinil rosa, com capa feita pela amiga da banda Ela Hosp, o mini-álbum é apenas o 2º lançamento do Tennis Club.
Não é por acaso que o disco tenha causado tal efeito em quem ouve; surfando nas intenções ensolaradas, o álbum abre com “Bella Vista Surf” para afinar o tom e segue para uma das melhores músicas de 2019, “Vodkas” que conta a estória de uma recaída amorosa ao som de guitarras dignas do Black Tambourine e Primal Scream (circa “Sonic Flower Grove”).
O clima surf e as desilusões amorosas seguem insistentes, com vocais dobrados e bateria à la Del-Tones e Chantays. “Mexico City (Rich Girls)” é toda cantada em espanhol, enquanto “Stay” lembra bastante Raveonettes sem as guitarras barulhentas; “Car Beers” altera balada com partes mais agitadas que lembram Los Lobos e “Pink Sweater / Pink Shoes” até começa com uma risadinha que lembra “Wipe-Out” do Surfaris.
Mandamos uma mini-entrevista via email pro Wilson Hernandez.
MM) No Facebook da banda, você listou algumas influências, a maioria de surf music. Mas ouvindo, achei parecido também com Beat Happening, Black Tambourine, Vaselines. O que mais você anda ouvindo?
Wilson) Verdade, alguém já mencionou Beat Happening antes. Eu amo a simplicidade das músicas do Calvin e a onda lo-fi com certeza.
MM) Eu não consegui ler todas as letras para fazer essa entrevista. Sobre o que são?
Wilson) São apenas canções pop, talvez sobre amor, quem sabe.
MM) Hoje em dia é tanta música, tanta informação… como você faz para ser notado? É difícil chamar atenção das pessoas e da imprensa, mesmo a especializada?
Wilson) Acho inevitável, faz parte do Mundo atual, na era da internet, muita música, muita informação mas ao mesmo tempo, é uma coisa boa. Eu não sei muita coisa sobre a imprensa especializada hahaha. Às vezes recebo emails de blogs pedindo entrevistas e algumas vezes eu mando email quando acho que a estética combina com a música que a gente faz.
MM) Como as pessoas classificam o Tennis Club? E qual foi o rótulo mais estranho que vocês já receberam?
Wilson) Sempre acentuam o aspecto lo-fi mas é bem óbvio também como as músicas são curtas. Eu só acho esquisito quando as pessoas dizem que existem elementos de shoegaze… acho muito, muito estranho e não consigo ouvir nenhuma conexão.
MM) Você acredita no Facebook e no Google?
Wilson) Sim e NÃO!
MM) Top 3 de álbuns de Surf Music de todos os tempos
Wilson) “Strange Heaven” do Mrs Magician
“Summer Days (and Summer Nights)” do Beach Boys
“Real Estate” do Real Estate
MM) Top 3 de utopias para humanidade
Wilson) Acabar com o nacionalismo!
Ouça
Tennis Club é a banda do Salvadorenho Wilson Hernandez, que faz surf-pop-twee no Meio Oeste Norte Americano e lançou um dos discos mais legais de 2019, "Pink"