Fizemos uma lista de alguns projetos, ideias, sites e aplicativos que podem facilitar o dia-a-dia de quem trabalha com música. São ferramentas que ajudam a criar um videoclipe, a fazer um flyer sem precisar abrir o Photoshop ou criam uma trilha sonora para seu vídeo.
Alguns destes aplicativos já podem ser usados hoje, outros ainda são ideias em desenvolvimento. Mas antes de começar, é importante creditar os sites Quartz e CompleteMusicUpdate como fontes das dicas.
iampop.in
Ferramenta que se conectada ao messenger do seu Facebook cria robôs para responder mensagens.
A lógica do POP é que quando as pessoas interagem com sua página via messenger, o contato direto funciona melhor do que um post (já que o algoritmo do FB não distribui a postagem a todos os seguidores). Via messenger, o robô (bot) do POP ajuda a administrar os contatos criando banco de dados que futuramente pode gerar campanhas mais efetivas, via mensagens diretas no Messenger, segundo eles com 98% de alcance, ao contrário dos posts.
O site oferece uma opção gratuita para até 100 interações por mês. Depois disso o preço passa para US$29 por mês para interação com até 5000 fãs e US$299 por mês para interação com até 250 mil fãs.
A ferramenta é reconhecida pelo Facebook que, depois do escândalo da Cambridge Analytica, tornou a interação com dados dos usuários bem mais rígida.
jukedeck.com e Amper Music
O que você achou das músicas da playlist ai em cima? Boas? Orgânicas?
Eu não gostei mas é impressionante pensar que elas foram feitas pelo Jukedeck, uma ferramenta que ajuda a criar / compor músicas. A intenção dos criadores é, através de inteligência artificial e machine learning, ajudar compositores, músicos, videomakers, trilheiros a criar músicas inserindo parâmetros como gênero, mood, BPM, duração, clímax, entre outros.
Segundo os pesquisadores do site, eles “estão treinando sistemas neurais profundos (??!!) para entender composição musical em nível granular (??!!) de forma que possam criar ferramentas que auxiliem a criatividade“. A ferramenta permite criar composições em wave e mp3 ou até arquivos MIDI.
Na mesma linha, o site Amper Music promete auxiliar na criação de trilhas rápidas para seu web-video, game, aplicativo e afins. O vídeo gourmetizado deles explica que basta você escolher o mood e o estilo que a ferramenta faz o resto, criando uma trilha original num arquivo com resolução profissional.
A única coisa estranha é que justamente a qualidade de áudio desse vídeo não é das melhores…
Outra ferramenta parecida se chama PopGun, que diz usar inteligência artificial para criar músicas de acordo com os padrões do que vai bem nas playlists. Ou seja, é uma ferramenta que usa inteligência artificial para criar mais do mesmo.
Nenhum dos três sites traz informações sobre as condições de uso.
weareinstrumental.com
A época do olheiro de gravadora, do farejador de talentos, parece ter acabado.
Pelo menos é o que sugere a ferramenta Instrumental: uma plataforma que usa inteligência artificial para analisar dados de milhares de playlists no Spotify, cruzando com dados do YouTube, Facebook e Instagram, com a intenção de ajudar a descobrir o próximo superstar das galáxias.
Tipo de coisa que eu odeio.
Mas deve existir alguma verdade nos dados: a Instrumental analisa mais de 8.000 playlists no Spotify diariamente, comparando o desempenho de aproximadamente 175 mil artistas e 750 mil músicas para indicar quem “sobe” e quem “desce” no gosto popular.
Direcionado a gravadoras, editoras, promotores e agentes, a ferramenta diz “entregar em segundos resultados que seriam impossíveis de computar manualmente“. Assinando o serviço, os caçadores de talento podem saber quem é o novato promissor, como andam as redes sociais do sujeito, se ele já está assinado com alguma gravadora ou não e em quais cidades ele vai bem.
Como diz o slogan da Instrumental, o serviço é “especialista em descobrir novos talentos online“. O único problema é que até agora não sabemos quem foi descoberto usando essa ferramenta…
mxxmusic.com
Software com uma biblioteca de áudios licenciados que ajuda a criar trilhas para filmes, vídeos, games, etc. Você vai dizer: “ah é um ProTools?“. Tipo isso, mas sem o trilheiro, sem o cara que manja de ProTools para operar.
Também usando inteligência artificial, você entra com seu vídeo no MXX Audition Pro, define os parâmetros do tipo de trilha que procura ou até insere uma música pré-existente. Dai o software estuda a informação para criar uma trilha que combine com o seu vídeo. Depois de escolher a música base, você pode indicar momentos de clímax, silêncio, mixar com o áudio pre-existente em canais e várias outras funções.
Não testei mas pela demonstração no site, parece que você pode inclusive licenciar música informando qual uso será feito dela (YouTube? Uso comercial?) e qual o tempo de licença. Também não achei o preço mas segundo a MXX, a criação de trilhas que antes levava dias e custava caro, agora pode ser resolvida em alguns minutos.
Adeus trilheiros?? Acho que não mas…
rotorvideos.com
Já o ROTOR faz o contrário: pega sua música é cria um vídeo.
É um Tabajara-videoclipe-creator? Dependendo do seu gosto pessoal, parece que sim. No canal deles, nenhum dos vídeos “decolou”, todos com número de visualizações baixos para o padrão de um blockbuster de YouTube.
Primeiro você insere sua música na plataforma, depois escolhe o template e o estilo de vídeo que gostaria. No final, você revê o vídeo antes de aprovar e ainda pode inserir textos (lettering).
Para ter o arquivo vídeo em resoluções altas, os preços variam entre US$15 (SD), US$25 (HD) e US$30 (FullHD) por vídeo.
canva.com
Nessa linha de automatizar funções antes exercidas por profissionais, o Canva propõe sua independência dos designers. Esqueça o Photoshop – esse site cria banners para Facebook, apresentações tipo Power Point, convites, tudo em arquivos que podem ser baixados .png, .jpg e .pdf gratuitamente.
Eles chamam de “empoderamento pelo design” a capacidade de criar imagens usando padrões pré-existentes, elementos gráficos, bibliotecas de tipologias, fundos, gráficos. Basta abrir uma conta para sair criando. A maioria dos itens é gratuita, é uma espécie de Photoshop simplificado, a mesma coisa que o Google Drive fez com o Word, o Excel e o Power Point da Microsoft.
Obviamente que não substitui o trabalho de um designer para uma peça mais parruda, como por exemplo uma capa de disco ou um poster, mas resolve produções mais rápidas para redes sociais cada vez mais visuais.
(edição em 04/03/2019: agora o Canva conta com atendimento em Português para o Brasil – o link acima já foi atualizado para isso)
Kord
Ainda não está operando mas a ideia por trás do sistema da startup britânica Jaak é audaciosa: eles querem criar um sistema (por enquanto chamado Kord) baseado na tecnologia blockchain para administrar o controle e o pagamento de direitos autorais.
Seria um ECAD Mundial ao alcance das teclas do seu computador.
A ideia é que as músicas seriam cadastradas no Kord usando tags (metadados) que gerenciariam a utilização e o pagamento de direitos de forma individualizada, garantida por um sistema de blockchain simplificado, onde cada autor teria absoluta certeza do uso e de quanto precisa receber em direitos.
A gente sabe que blockchain é a tecnologia da moda (alguém falou em Bitcoin?). Ao mesmo tempo, nós de Humanas temos “tela azul” quando tentam nos explicar como funciona… eu mesmo não entendo. Basta você saber que é uma tecnologia que tem garantido (e pretende garantir) a segurança de dados e transações. E já que o Kord estaria lidando com direitos e dinheiro, parece uma ótima aplicação da tecnologia.
Obviamente que a maior dificuldade para implantação do sistema está em convencer os atuais gestores destes direitos (editoras, gravadoras e organizações governamentais e não governamentais como o ECAD no Brasil). O argumento da Jaak é que o sistema daria mais clareza e segurança ao processamento da informação, melhorando a distribuição e o alcance, ao mesmo tempo que baratearia a administração dos dados.
Talvez ainda não seja um argumento forte o suficiente para quem certamente lucra com a barreira de fumaça que existe no processamento desta receita.
Hurdl
Se você for num show do Metallica ou do Deadmau5 ou do Pink Floyd, pode ser que você ganhe uma pulseira de LED igual a esta rosinha na mão da pessoa na foto acima. Dependendo do seu ponto de vista, essa pulseira é coisa de Big Brother ou uma conexão direta e saudável com seu ídolo.
A start up amerciana Hurdl criou pulseiras de LED que conectam os fãs com os organizadores do evento. Num show do Deadmau5 em Los Angeles por exemplo, os fãs eram solicitados, via telão, a enviar um SMS e ativar suas pulseiras. A conexão é feita quando a pulseira emite sinais luminosos. Então o fã é convidado a entrar (opt-in) no banco de dados do organizador. É o que eles chamam de DDX – Data Driven Experiential.
A partir dai, os fãs receberam pesquisas via SMS pedindo dia do aniversário, quantas vezes já tinha visto o Deadmau5, qual serviço de streaming assinava e qual console de videogame usava. Depois do evento, aqueles que responderam às perguntas recebiam um link para uma playlist exclusiva criada pelo artista.
Segue a lógica do contato direto, como o bot do Pop lá em cima. Com esse contato direto via celular o artista pode, por exemplo, oferecer a venda de alguma mercadoria, dar descontos em shows e o que mais a criatividade permitir. No site da Hurdl, estatísticas de experiências com Deadmau5 e o time de beisebol Dallas Mavericks trazem números de aceitação que vão empolgar os marketeiros.
Pacemaker
É um aplicativo somente para iOS que mixa músicas usando diferentes plataformas de streaming de música. Funciona para DJs profissionais ou para uma simples mixtape ou playlist para amigos.
O diferencial do Pacemaker é poder usar os arquivos do Spotify e iTunes numa mesma sessão… vamos combinar, não existe muita diferença entre as plataformas. Neste quesito o Soundsgood funciona bem melhor pois permite a utilização de Spotify, Deezer, Apple, Tidal, Soundcloud, Napster e até YouTube.
Robin
Não é o parceiro do Batman mas te ajuda a comprar ingressos dos seus artistas favoritos usando dados do seu serviço de streaming.
O aplicativo Robin te avisa dos shows, pergunta se pode comprar e faz a compra, se você autorizar. Do outro lado, ele alimenta artistas cadastrados no sistema com dados para entender melhor sobre demanda por ingressos e hábitos dos fãs.
É isso.
A tecnologia sempre teve um lugar importante na música, basta você pensar na invenção do fonógrafo no começo do século passado. Depois da internet, os engenheiros passaram a dividir com programadores esse lugar na música. Eu diria que hoje em dia você precisa ter um advogado, um produtor/empresário, um contador e um programador na sua equipe.
Além disso, para nós usuários, aquela banda que achávamos ter descoberto por instinto, vem na verdade do cruzamento de informações do que você anda fazendo online. Existe um lado horrível nisso que são a generalização e a racionalização de algo abstrato. Mas pode existir um lado positivo. Esses engenheiros e programadores estão se juntando em start-ups, unindo tecnologia e arte para tentar criar serviços que facilitem o processo de criar e interagir com música.
Não é a hora de fazer a passeata contra os bits & bytes.
Ainda.